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Eu Já Estive Em “Foco Roubado”, de Johann Hari, publicado pela editora Vestígio

É clichê, mas vamos ter foco para falar sobre “Foco Roubado – Os ladrões de atenção da vida moderna”, obra do escritor best-seller Johann Hari, publicado pela editora Vestígio. Vou confessar que demorei para resenhar esse livro, justamente pela falta de foco para sentar-se e escrever de uma vez todas as minhas impressões sobre a obra. E isso tem sido uma constante por aqui. Por quê? Provavelmente porque, segundo o autor, está faltando um tempo para, apenas, parar e não pensar em nada, e consequentemente, passar a ser mais criativa por me permitir ter um espaço para isso. Mesmo porque, quando somos interrompidos, leva 23 minutos para voltarmos a ter o mesmo estado de foco, segundo o autor.

O autor, que entrevistou mais de 250 pessoas para compor a escrita, começa o livro se desafiando a ficar um tempo morando sozinho em uma cidade remota sem nenhum tipo de conexão, apenas um celular analógico, que uma amiga tem o número, para caso de emergência. Sem smartphone, sem laptop, sem internet. Apenas ele, seus poucos pertences e seus livros. Já te adianto, e pode ser um spolier, que foi bom enquanto durou, porque a realidade, quando você volta para a rotina, é outra. Ou seja, nós temos que aprender a lidar com essa vida cheia de notificações que temos e encontrar um equilíbrio para isso.

Capítulos que me preocuparam bastante: quando o autor diz com todas as letras que atividades que exigem formas de concentração mais demoradas – como ler um livro – estão em queda livre há anos. Quando ele explica por fragmentação ou fluxo – “a fragmentação nos torna menor, mais raso, mais raivoso. O fluxo nos torna maior, mais profundo e mais calmo.” Quando ele explica que para ter foco, você precisa se sentir seguro. Quando ele fala sobre a nossa alimentação e quanto comer bem de verdade impacta no nosso foco, porque se você perturba o seu corpo – privando-o de nutrientes ou enchendo-o de poluentes – sua capacidade de prestar atenção também fica comprometida. E dormir menos? Sim, te atrapalha e quanto menos você dormir, menor vai ser seu tempo de reação. É semelhante ao estado de embriaguez, pode acreditar.

Não pensa que parou por aí! Um dos capítulos chama-se “o aumento do TDAH e como estamos reagindo a isso”, e fica a dúvida, o TDAH aumentou porque agora temos mais conhecimento para diagnosticá-lo ou porque todo o nosso entorno faz crescer crianças com esse transtorno? O autor também não chegou a uma conclusão aqui, inclusive, ele indica que foi o capítulo mais dificil de escrever por conta das divergências. E me impactou quando ele lembrou que crianças hoje não tem mais infância livre também. Elas crescem com hora para estudar, hora para o balé, hora para natação, hora para videogame e quando finalmente, um professor desafia todo o sistema e oferece uma hora livre, para a criança brincar daquilo que ela quiser, ela fica estática, sem saber o que fazer.

Pois é! Na própria conclusão o autor sinaliza que esse não é um livro de autoajuda, porque não, você não vai ter uma lição de coaching com passo a passo para ter uma vida mais focada, mas, com certeza, ficara surpreso com tudo que te tira o foco a cada segundo, e isso porque eu nem entrei nos capítulos que falam sobre redes sociais, mas deixo uma frase do livro: nossos algoritmos exploram a atração que o cérebro humano tem pelo divisionismo”, ou seja, usar redes sociais = perder o foco.

“Fiquei pensando que o lema da nossa era deveria ser: tentei viver, mas me dispersei”.

“Nem tudo que é enfrentado pode ser mudado, mas nada pode ser mudado sem ser enfrentado.”

“Está ficando mais rápido alcançar um pico de popularidade e em seguida há uma queda também mais rápida”.

“Se você gasta boa parte do seu tempo não exatamente pensando, mas passando de uma coisa à outra, isso é simplesmente desperdiçar tempo de processamento cerebral”.

Sinopse: Durante três anos, o jornalista e escritor best-seller internacional Johann Hari fez uma jornada para descobrir as razões por trás da diminuição do nosso tempo de atenção. Ele entrevistou os maiores especialistas mundiais em foco e descobriu que tudo o que pensamos sobre o assunto está equivocado. Achamos que nossa incapacidade de focar é uma falha pessoal, mas não é. Todos nós estamos sob a influência de poderosas forças externas. Ou seja, nosso foco está sendo roubado. Como Hari explica com tanto cuidado, estamos enfrentando uma crise de atenção. Rolamos os feeds sem parar, sem pensar, sem nos atentar às tarefas cotidianas. Por quê? Ao longo das páginas, Hari expõe os doze fatores externos principais que estimulam esse comportamento, desde as grandes empresas de tecnologia até poluição e muito mais. O livro também traz reflexões para nos ajudar a fazer mudanças pessoais e também aborda os riscos para a sociedade, conforme somos cada vez mais privados do nosso foco e a nossa atenção é cada vez mais manipulada. Em uma jornada emocionante, que vai de dissidentes do Vale do Silício até uma comunidade no Rio de Janeiro, Johann Hari mostra que há saídas, como um escritório na Nova Zelândia que encontrou uma maneira notável de restaurar nossa atenção. Juntos, como indivíduos e como sociedade, podemos recuperar nosso foco, se estivermos determinados a lutar por isso.

Johann Heri é escritor best-seller com livros publicados em quase 40 idiomas. É colaborador de veículos como The New York Times, Le Monde, The Guardian, entre outros. Suas palestras TED sobre compulsão e depressão já foram vistas mais de 80 milhões de vezes.

Foco Roubado – Os ladrões de atenção da vida moderna, escrito por Johann Heri, publicado pela editora Vestígio, está disponível nas livrarias de todo o Brasil e nas plataformas de e-commerce.

Janaína Leme

@eujaestiveem

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