Cia do Escombro estreia Ruído, da autora peruana Mariana de Althaus, no Centro Cultural São Paulo

Em Ruído, a autora Mariana de Althaus, a partir de suas memórias, constrói um retrato de pessoas comuns que aprenderam a viver em um país autoritário, assombrado pela inflação, apagões, falta de água, escassez, violência e terrorismo. O cenário da peça é o Peru dos anos 1980 e aponta para o anseio do diretor Daniel Aureliano de trabalhar com autoras e autores latino-americanos contemporâneos ainda pouco conhecidos no Brasil. O elenco é composto por Amanda Rodovalho, Andrea Tedesco, Camilo Schaden e Priscilla Carbone. A estreia acontece dia 9 de março, às 21 horas, no Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro, 1000, Paraíso, São Paulo, SP, sala Jardel Filho), com entrada gratuita, e segue depois para a Oficina Cultural Oswald de Andrade (25 de março a 09 de abril), programa da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo e gerenciada pela Poiesis.
“Esse texto chegou até mim por sugestão da Priscilla Carbone, que é do elenco da companhia. Quando li a primeira vez, achei interessante reforçar que, embora sejamos países diferentes e temos a barreira da língua, há situações comuns que ocorreram na América Latina, como a Ditadura Militar e o constante fantasma desse período que está presente no nosso cotidiano”, revela Daniel Aureliano sobre a peça, que marca sua estreia como diretor.
Contemplado pelo ProAC n°01/2020 da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, Ruído combina uma situação aparentemente prosaica a lampejos cômicos e absurdos, como os trabalhos anteriores da Companhia, Pornoáudio (2016) e Olfato (2018).
A peça narra a história de uma mulher, identificada como “Vizinha”, que, impedida de voltar à sua casa, por conta do toque de recolher, termina passando a noite na casa de uma família de vizinhos. Com sons (ruídos) que vão ajudando a construir a dramaturgia, ela não consegue voltar e espera notícias do lado de fora.
A personagem Augusta, mãe da família, assiste a televisão compulsivamente e se sente orgulhosa por conseguir vinho argentino via contrabando. “Nós usamos o universo dos anos 1980 e trouxemos para a cena as referências da televisão, que colabora com o discurso, com a narrativa. A dramaturgia propõe esse debate, como esse meio pode alienar e moldar a forma como vivemos. A influência da televisão nos anos 80 é muito decisiva e ainda presente na atualidade”, analisa Aureliano.
A família de Augusta, formada pelos filhos, Augustinho e Augustinha, é geniosa, divertida e irônica, mas um fracasso como seres sociais. As relações trazidas à tona pelas personagens mostram um mundo em que os indivíduos se encontram cada vez mais apartados de seu ambiente social e anestesiados em relação ao que acontece ao redor.
O RUÍDO
Nos anos 1980, o Brasil ainda vivia ecos do regime autoritário e ditatorial instalado na década de 1960 pelo governo militar. Situações análogas se deram em muitos países da América Latina no mesmo período. No Peru, especialmente, além da repressão, havia a ameaça do terrorismo. O “ruído” ameaçava em muitos lugares.
Na montagem da Cia dos Escombros, a direção procura um paralelo com o que acontece atualmente no Brasil. “Vivemos uma instabilidade política. A isso se soma, a experiência pandêmica – mais um toque de recolher, um ruído que nos constrange a esperar a hora de sair de casa, em segurança e liberdade – ainda que ilusórias”, finaliza Daniel Aureliano.
Oficina e webinário
O projeto também contempla duas atividades gratuitas: Ruído na Internet: Webinário com Mariana de Althaus, no dia 31 de março, das 20h às 21h30. Aberto ao público em geral, transmitido via Zoom; e a oficina Cena e Memória em Contextos Latino-Americanos, com Ana Julia Marko e Cia do Escombro. Voltado a atores, atrizes, estudantes de teatro e interessados em geral, os encontros acontecem de 22 a 24 de fevereiro, e abordarão diferentes princípios e ferramentas do teatro de memória e a cena Latino-Americana. São oferecidas 25 vagas, com seleção.
Ruído
Classificação etária: 14 anos | Duração: 105 minutos
- Centro Cultural São Paulo – Sala Jardel Filho
Rua Vergueiro, 1000 – Ao lado do Metrô Vergueiro – São Paulo – SP
De 09 a 20 de março de 2022
Quarta a sábado, às 21h, e domingo, às 20h
Lotação: 224 lugares
Ingressos gratuitos – serão distribuídos 1 hora antes de cada sessão
Entrada na sala liberada apenas mediante apresentação do comprovante atualizado de vacina para COVID-19
- Oficina Cultural Oswald de Andrade
Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro – São Paulo -SP
De 25 de março a 09 de abril de 2022
Sextas, às 20h, e sábados, às 18h
Lotação: 30 lugares
Ingressos distribuídos uma hora antes do início da sessão; um ingresso por pessoa.
Entrada permitida somente com o uso de máscara cobrindo nariz e boca;
Durante a permanência no local, siga os protocolos sanitários para prevenção da Covid-19.
Oficina
- Cena e Memória em Contextos Latino-Americanos
Coordenação: Ana Julia Marko e Cia. do Escombro
22/2 a 24/2 – terças, quartas, quintas – 14h às 18h
Público: atores/atrizes, estudantes de teatro e artistas, interessados em geral
Inscrições: 24/1 a 18/2
Seleção: Enviar currículo e um Vídeo-apresentação (de até 03 min.) com a justificativa de intenção até o dia 18 de fevereiro, pelo e-mail: producao.ruido@gmail.com
Participação: Inscrição Individual
Vagas: 25 | Indicação: Atividade Livre
Atividade Presencial
Local: Oficina Cultural Oswald de Andrade – Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro – São Paulo/SP
Webinário
- Ruído na internet: webinário com Mariana de Althaus
Coordenação: Daniel Aureliano
31/3 – quinta-feira – 20h às 21h30
Público: atores/atrizes, dramaturgues, escritores, estudantes de teatro e artistas e interessados em geral
Inscrições: até 30/03 via e-mail: producao.ruido@gmail.com
Indicação: Atividade Livre | Atividade on-line
Local: Atividade Não Presencial e Coordenação à Distância – Via plataforma digital Zoom
Tradução simultânea em Libras
Centro Cultural São Paulo – CCSP – 11, 13, 18 e 20 de março.