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Eu Já Estive Em “Eu, Inútil”, de Cibele Laurentino

Inútil: achei que esse fosse meu nome de batismo! Para o livro começar dessa forma, você já se prepara para o que está por vir. Ao se apresentar na sala de aula, a mesma coisa: me chamo Inútil, minha mãe quer que eu seja pediatra, mas quero ser cozinheira.

Eu, Inútil, é um romance de formação que apresenta a vida de uma personagem central que deseja ser amada por sua mãe. Dividido em 41 capítulos, a quarta obra de Cibele Laurentino, autora paraibana que já publicou em diversos gêneros, o livro é um tapa na cara dos leitores que pensam que a vida entre mãe e filha é sempre de muito amor. Pelo menos, para mim, foi!

Sim, a personagem tem um nome e o seu nome é Madalena, mas os inúmeros abusos cometidos pela mãe narcisista ao longo de toda a infância de Madalena a deixam sem a percepção de existir. A mãe sempre dizia que a menina tinha déficit de atenção, TDAH, dislexia, mas hoje todos, ou queremos acreditar que todos, sabemos que esses chamados transtornos podem fazer parte da vida de qualquer pessoa e não são vistos como doença, apenas algo que precisa ser tratado.

Aqui no caso estava sendo tratado como uma doença, com muita medicação, justamente para que a criança fosse dopada, e não desse trabalho. Sem contar os corretivos que a mãe chamava de psicólogo, mas que na verdade eram uma surra, deixando a menina com trauma do que viria a ser um psicólogo. E mais, a criança passava fome porque a mãe achava que ela já era gorda demais, dormia num quarto com baratas e formigas porque não precisava limpar um quarto de uma criança como ela.       

Calma, que, obrigada autora, nem tudo é só sofrimento: o pai de Madalena vai surgir na história, mas isso é só um quentinho no coração frente a todos os traumas psicológicos que ela precisará entender e superar ao longo da vida.

Vamos a alguns trechos da obra:

– Essa menina é tão sortuda que os remédios que tomei para abortar não serviram de nada, de tão ruim que é. Nasceu com quase cinco quilos em um parto normal, uma violência.

– Naquela época, eu me questionava muito acerca de minha existência. Achava que só tinha nascido para acabar com a vida de mainha. As vezes eu queria sumir para sempre, assim, sem volta, tchau.

– Ela não estava lá, mas sua voz era alta e clara sempre que eu levantava a cabeça em frente aqueles inúmeros espelhos.

– Eu achava tão bonito ter pai… Só quem não tinha pai na sala de aula era eu.

– A felicidade é mesmo assim, é mais rápida que a tristeza; a tristeza mastiga a gente.

– Em minha mente, eu repetia o mantra: cada um sabe a dor que sente, o que influencia suas decisões; julgar sem conhecimento de causa é fácil.

Sinopse: Madalena acreditou durante muito tempo que seu nome era inútil, pois era assim que sua mãe a chamava. Cresce distante do pai e só começa a frequentar a escola aos oito anos de idade. Mesmo depois de anos distante da mãe, seus traumas a afetam sua capacidade de construir relações e sua autoestima. Eu, Inútil é um romance de formação que traça a jornada de uma mulher que deseja ser amada por uma mãe narcisista.

Cibele Laurentino nasceu em Campina Grande, Paraíba, mas atualmente reside em Conde, no mesmo estado, onde trabalha com Turismo e vive com sua família na Praia de Tabatinga. É formada em Gestão em Turismo e está cursando Letras pela UNINTER. Seu gosto pela leitura e escrita começou na infância, através do convívio com poetas populares, cordelistas, cantadores de viola e emboladores de coco. Filha do saudoso Zé Laurentino, poeta e escritor, cresceu no berço da cultura. Cactus-poesias, sentimentos e emoções foi seu primeiro livro publicado, no qual a poesia é explorada através de sentimentos, momentos e dores de forma modernista. Nobelina, publicado pela Plus Editora, é seu romance de estreia.

Sim, Eu, Inútil, é uma ficção, mas é doloroso demais saber que isso pode ser verdade e que acontece na casa de algumas famílias. E por que ler algo assim, considerado pesado? Porque acredito que precisamos muito ter noção do que pode acontecer na casa ao lado. Só espero, muito, do fundo do coração, que não aconteça aí na sua casa, porque criança nenhuma merece tantos traumas durante a infância.

Eu, Inútil, de Cibele Laurentino, tem 136 páginas, classificado em literatura e ficção, está disponível na Amazon no formato digital por R$14,90. Assinantes do Kindle Unlimited tem acesso ao conteúdo.

Janaína Leme

@eujaestiveem

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