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Eu Já Estive Em Janusz Korczak, Uma Vida em Defesa da Infância, de Sarita Mucinic Sarue

Para ser justa, vamos começar pronunciando corretamente o nome desse ser humano que tanto ensinou a todos, em especial sobre como amar às crianças: Janusz Korczak = Iánuch Kórtchak. Esse era o pseudônimo de Henryk Goldszmith, escritor, jornalista e educador, que, mesmo ainda sendo desconhecido em boa parte do mundo, tem um legado gigantesco em respeito à criança.

Graças a esse ser iluminado, como a própria autora o intitula, o orfanato deixou de ter o ar de tristeza, dando espaço a um lugar feliz, onde crianças viviam em um ambiente de muito respeito e alegria. Januszk demonstra-se incomodado com problemas da infância desde os seus cinco anos de idade, onde questionava: o que fazer para que não existam mais crianças sujas, esfarrapadas, esfomeadas, com quem não tinham o direito de brincar no pátio? Ele nasceu em 1878 e tem uma história linda e de muito sacrifício em prol das crianças, pesquisada e contada com muito amor por Sarita Mucinic Sarue.

O livro começa com um texto adaptado do livro autobiográfico de Itzchak Belfer – Uma casa branca numa cidade cinzenta, escrito por um dos alunos aprendizes do orfanato Dom Sierot, de Janusz Korczak e Stefa Wilezynka. Na sequência, uma entrevista concedida a autora pelo último menino de Korczak, quatro meses antes do entrevistado falecer em janeiro de 2021. Palavras repletas de gratidão por tudo o que teve a oportunidade de aprender.

A obra é dividida em 5 partes: O menino do orfanato, Henryk Goldszmith, um ser iluminado, O orfanato Dom Sierot, 1939 a 1942: o último caminho e Para sempre Korczak, além de Posfácio, Referencias, Linha do Tempo e Créditos das imagens, já que estamos falando de um livro ilustrado com fotos referentes ao personagem em questão.

Janusz escolheu esse pseudônimo ainda na universidade, ao se inscrever num concurso literário, um nome de um personagem heroico da literatura juvenil polonesa. Teve uma vida totalmente focada no bem-estar do ser humano, em especial as crianças, preferiu os orfanatos para que pudesse realmente ensinar às crianças tudo aquilo que acreditava, e lutou com elas até a morte em um campo de concentração, ele e 200 crianças.

Vamos a pequenos trechos da obra:

– Para cavar um poço, você nunca começa pelo fundo; você remove primeiro as camadas superiores, tira a terra, sem saber o que vai encontrar embaixo…

– Até a leitura deixa de ser para mim um relaxamento. Sintoma perigoso. Estou louco e começo a preocupar-me com isso. Não queria acabar completamente idiota.

– Os mil anos de presença judaica na Polônia terminaram com assassinatos em massa numa escala que vai além da imaginação humana. Dos mais de 3 milhões de judeus que viviam na Polônia em 1939, apenas 11.500 sobreviveram.

– Pensar nas pessoas que, tão logo desciam dos vagões de gado que as deixavam na porta do campo, eram imediatamente encaminhadas ao seu destino trágico me doía a alma.

Sinopse: No início do século 20, quando a educação de crianças ainda apresentava características medievais – castigos físicos, humilhações de toda sorte e um grande descaso para com a infância –, um pediatra e escritor judeu-polonês resolveu mudar a realidade de centenas de órfãos de seu país. Janusz Korczak concebeu na Polônia um orfanato em que as crianças tinham os direitos dos adultos e a educação se dava democrática e respeitosamente. Muitas das ideias hoje implantadas em escolas do mundo todo surgiram ali. O orfanato Dom Sierot era visitado por educadores de vários países, ávidos por compreender e aplicar a revolução pedagógica de Korczak. Porém, a partir de 1933, com a ascensão do nazismo na Alemanha – e mais tarde na Europa –, tudo mudou drasticamente. Perseguido por ser judeu, Korczak foi confinado com seus pupilos e os educadores do Dom Sierot no gueto de Varsóvia. Chegou recusar as ofertas para deixar a Polônia para não abandonar aqueles que tanto precisavam dele. Em agosto de 1942, caminhou com as crianças até os vagões de gado que os conduziriam às câmeras de gás de Treblinka. A história de Janusz Korczak é contada neste livro.

Sobre a autora: Sarita Mucinic Sarue é formada em Pedagogia pela Universidade Mackenzie e mestre em Estudos Judaicos pela Universidade de São Paulo (USP). Realizou o curso de especialização em Shoá (termo em iídiche para definir o Holocausto) na Escola Internacional de Estudos do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém. Autora de Vozes de paz em tempos de guerra – Janusz Korczak diante da criança, do sionismo, do nazismo e holocausto (Fapesp/Humanitas, 2015), publicou diversos artigos de educação judaica. Coordenadora educacional do Memorial do Holocausto, é membro da diretoria da Associação Janusz Korczak Brasil, além de voluntária do Grupo Chaverim.

Publicado pelo Grupo Summus, Janusz Korczak – Uma vida em defesa da infância, de Sarita Mucinic Sarue, tem 136 páginas, está à venda nas plataformas digitais e no site da editora.

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