TEATRO KAUS ESTREIA A PEÇA HAVIA UM PAÍS AQUI ANTES DO CARNAVAL, DE RUDINEI BORGES, NO TEATRO PAULO EIRÓ

Com texto inédito do dramaturgo Rudinei Borges, o espetáculo HAVIA UM PAÍS AQUI ANTES DO CARNAVAL estreia dia 3 de novembro, quinta-feira, às 21h, no TEATRO PAULO EIRÓ, com entrada franca. A peça apresenta um recorte das diversas faces do Brasil e atravessa questões sociais, políticas e ambientais da atualidade. A montagem do Teatro Kaus Cia Experimental tem direção de Reginaldo Nascimento e reúne um elenco de dez artistas. O trabalho foi beneficiado pelo Proac direto 38/21 da Secretaria de Economia Criativa do Estado de SP.
Escrita especialmente para o grupo, Havia um país aqui antes do Carnaval apresenta, em dez quadros, experiências vivenciadas por diferentes povos nesse Brasil de territórios vastos. A resistência dos territórios ameríndios, o caráter multifacetado dos cenários urbanos e as contradições dos espaços explorados pelo garimpo e destruídos pelas queimadas são alguns temas encenados na peça. O texto também homenageia alguns artistas reais como a performer amazônida Uýra Sodoma; o artista plástico do povo indígena Macuxi Jaider Esbell e a escultora de origem indígena Conceição de Freitas da Silva, conhecida como ‘’Conceição dos Bugres’’.
“A peça surge de uma “provocação” e uma “inquietação” do diretor Reginaldo Nascimento, entretanto, foi escrita com nuances totalmente autorais e inéditas, com um vocabulário de quem “abraça” os muitos brasis invisíveis. É uma obra do teatro narrativo, uma composição em 10 breviários em que a dor e a esperança se irmanam. Entre idas e vindas, pude adentrar realidades paradoxais que desvelam as mazelas da violência e da desigualdade social que alicerçam a vida no Brasil”, afirma o dramaturgo Rudinei Borges.
“É uma peça sobre a dor de ser brasileiro nas margens do país. Não é a história dos vencidos. É a história dos que resistem e querem vencer, apesar das intempéries. Vivi parte de minha vida no norte do Brasil, no sudoeste do Pará. A outra parte em vários bairros da imensa cidade de São Paulo. Viajei de ônibus por todas as regiões brasileiras. Assim, me fiz um observador de instantes e territórios imprecisos, mas conversar com as pessoas e ouvi-las me levou à tentativa de compreender a complexidade das existências e vivências”, conclui o autor.
“Após 14 anos dedicados a dramaturgia de língua hispânica, retomar o trabalho com a dramaturgia brasileira sempre foi um desejo. Queria trabalhar com uma obra inédita, escrita para o grupo por um dramaturgo brasileiro que pudesse narrar um Brasil distanciado da metrópole paulista, para além do conhecido eixo do Sudeste. Desejava olhar nossa própria história, o país que havia aqui, que foi sendo silenciado pelos apagamentos, pela destruição da fauna e da flora, pela ocupação desenfreada dos territórios indígenas e, sobretudo, por um estado de intolerância ao qual fomos lançados nos últimos anos”, afirma o diretor Reginaldo Nascimento.
“É um espetáculo épico narrativo que apresenta, em dez breviários de vidas, personagens e suas histórias espalhadas pelas beiradas do país. Gente de luta, de arte, indígenas, santeiros e religiosos, falsos crentes e benzedeiras, pessoas que vivem, matam e morrem, embrenhadas nos grotões do país. É uma investigação que caminhou por um Brasil afro-ameríndio de cantos, encantos e encantados, de luta e dor. Foram nove meses de trabalho para que pudéssemos compreender os tantos caminhos que iam surgindo ao longo da feitura da obra e contemplar, pelo menos um pouco, os tantos brasis que existem no Brasil”, finaliza o diretor.
O cenário, de Reginaldo Nascimento, traz a representação de um chão de terra batida, com alguns troncos de uma floresta que já não existe mais, contudo, o espaço cênico vai sendo transformado ao longo da peça. Os figurinos, de Telumi Helen, retratam as memórias do dia a dia dos personagens e ressaltam alguns seres míticos da natureza, da cura e da ancestralidade. A iluminação, de Denilson Marques, contribui com a ambientação dos espaços cênicos da peça.
A trilha sonora original foi composta pelos músicos Salloma Salomão e Gui Braz, que criaram músicas que permeiam as cenas, acentuando as passagens entre o lírico e popular. O espetáculo apresenta também cantos indígenas e de origem no candomblé, pesquisados por Reginaldo Nascimento e pela atriz Karol Piacentini, e conta ainda com alguns trechos da música Arreuni, do compositor e músico Chico Maranhão. A montagem tem orientação de movimento de Wellington Campos e orientação vocal de William Guedes.
HAVIA UM PAÍS AQUI ANTES DO CARNAVAL – Estreia dia 3 de novembro de 2022, quinta-feira, às 21h. Texto: Rudinei Borges. Direção: Reginaldo Nascimento. Com o Teatro Kaus Cia Experimental. Elenco: Alessandra Rabelo, Aline Baracho, Amália Pereira, Evandro Netto, Gabriel Almeida, Karol Piacentini, Joel Rodrigues, Ricardo Marques, Rodrigo Ladeira e Tatiana Teodoro. Duração: 1h30 minutos. Gênero: Drama narrativo. Recomendação: 12 anos. Ingressos: Gratuitos. Quinta a sábado, às 21h. Domingo, às 19h.
De 3 a 13 de novembro, no Teatro Paulo Eiró
TEATRO PAULO EIRÓ – Av. Adolfo Pinheiro, 765 – Santo Amaro, São Paulo, SP. Telefone: (11) 5686-8440. Capacidade 468 lugares. Ingressos gratuitos na bilheteria, que abre uma hora antes do início do espetáculo. Venda de ingressos antecipados através da plataforma Sympla. Ar-condicionado. Acesso para pessoas com deficiência.
https://www.sympla.com.br/havia-um-pais-aqui-antes-do-carnaval__1763272