Eu Já Estive Em “Não Branco Não Homem – Volume 2, de Toni Grado
Pensando na contextualização do leitor, antes de começar a falar de Não Branco Não Homem – Volume 2, acredito ser importante apresentar brevemente o volume 1, com o subtítulo Eleições, trapaças e carros possantes. No primeiro volume temos duas histórias sendo contadas: capítulo 1 – o assassinato de um personagem e toda a confusão que isso causa entre políticos, sociedade e a família do assassinado e capítulo 2 – a história de Robert Kotac, alguém que ama carros e os sentimentos que eles causam e sentem. Nesse caso em específico, sim, o carro tem sentimento, segundo Kotac. Na primeira obra, um dos pontos que nos chamou bastante a atenção foi a escrita do autor, especialmente quando construiu diálogos entre personagens da comunidade em momentos importante como a negociação da libertação de um personagem mantido refém.
E agora, contextualizados, vamos para Não Branco Não Homem – Volume 2, O Revolucionário, A surra e os fatos malpassados. Na parte III, ou primeira parte desse segundo livro, Toni nos dá mais detalhes sobre a vida de Alexandre, o Revolucionário e conseguimos entender, a partir de então, a causa de tanto “ódio” entre Alexandre e Robert Kotac. Esse trecho é repleto de plot twist, trazendo uma nova informação a cada parágrafo, e o mais complexo, extremamente atual no que diz respeito ao cenário político de nosso país, independentemente de partido político.
Na parte IV, segundo momento da obra, finalmente vamos conhecer Não Homem. Chris é apresentada em meio à violência sexual – sim, tem gatilhos, e aqui, o autor nos coloca para refletir sobre um tema também muito atual: por que as pessoas exigem tanto que você tenha uma definição sobre gênero? Por que saber se sou homem, se sou mulher, se sou trans, se sou gay ou lésbica é algo tão necessário? O que você sente sobre mim vai mudar se minha se eu for assexuada, por exemplo? A história de Chris é mais complexa do que a sexualidade, mas bate o questionamento do quanto ela precisou se tornar complexa justamente por ser Não Homem.
E, na parte V, terceiro momento de Não Branco Não Homem, o autor dá sequência ao assassinato que começou lá na primeira parte do livro 1, e, como você já tem mais contexto de personagens como o Alexandre, os membros do partido PON, Robert Kotac, já segue com tudo fazendo mais sentido ainda.
Mais alguns pontos importantes da trama: já são dois volumes publicados e ainda temos mais dois pela frente, então temos mais histórias para ler em breve. Toni escreveu todo esse conteúdo há mais de cinco anos e é impressionante como tudo se mantém bem atual. E, por último e não menos importante, a qualidade gráfica de todo o trabalho: amo demais a pegada HQ das ilustrações de capa e o cuidado com a qualidade da impressão de todo o conteúdo.
Sinopse Não Branco Não Homem – Volume 1: Num cenário pré-eleitoral na metrópole imaginária de Cravos, o destino de Greenville (bairro pobre ocupado pelo narcotráfico e incrustado no bolsão rico da cidade) afeta diretamente as intenções de voto dos dois principais partidos. O partido da direita prega uma desocupação sumária comandada pelo Exército, e o de esquerda defende uma política de inclusão social. Com planos radicalmente opostos para Greenville, Robert Kotac (o alucinado banqueiro, fanático por rachas noturnos de carros) terá como antagonista seu arqui-inimigo, Alexandre Dragum, um esquerdista vigoroso e obsessivo. Moderação definitivamente não fará parte desse jogo. Quando Gurizinho, o violento braço do direito do lendário Não Branco (importante líder do narcotráfico), assassina brutal e gratuitamente um engenheiro de uma obra da prefeitura em Greenville, os ânimos se acirram de vez com a comoção pública. Em meio a essa guerra, surge a candidatura independente de Não Homem, uma genial pesquisadora universitária andrógina, que se recusa a ser identificada com qualquer gênero, porque “não gosta de fazer parte de bandos”. Quem vencerá todas essas múltiplas eleições? E a que preço?
Sinopse Não Branco Não Homem – Volume 2: A estratégica disputa pela prefeitura de Cravos, a maior metrópole do país, evolui para uma guerra suja entre Robert Kotac, o maníaco milionário doido por carros, e seu arquirrival Alexandre Dragun, chefe de campanha do PON, o principal partido de esquerda. Apoios, alianças e reviravoltas se sucedem em ritmo alucinante, onde o que menos importa é o bem-estar comum.
Somos convidados a conhecer o passado de Alexandre, que acaba por revelar surpresas, colorindo com tons sombrios sua obsessão pela vitória na eleição. Seu pai operário e um ainda jovem Robert possuem uma história em comum que Alexandre jamais poderá esquecer. O que ele não sabe é que em pouco tempo estará numa luta desesperada por sua vida contra um inimigo muito maior do que jamais imaginou em seus piores pesadelos. Um novo personagem, indispensável, faz sua entrada triunfal. Chris, a Não Homem, uma genial pesquisadora universitária sem tempo para ser agradável com quem quer que seja, tem uma vivência recente e traumática de violência e injustiça. Sua vida e a eleição em Cravos estão prestes a sofrer uma reviravolta que marcarão a história da cidade para sempre. Mas quando a loucura se torna um ingrediente essencial no caldeirão das motivações, o limite definitivamente ultrapassará o aceitável.
Toni Grado, 59 anos, é autor, músico e arquiteto. Nasceu e morou em São Paulo capital a vida toda. Junto com o lançamento do 1° volume da coleção Não Branco Não Homem, acaba de lançar o álbum Trilhas Para Lugar Nenhum, a trilha sonora do livro, onde atua como compositor, arranjador e pianista. Lançou o CD Desoriente em 2009, em companhia do compositor e maestro Alexandre Guerra. Escreveu A Saga de Félix Farsa, peça premiada com 3º lugar no I concurso de dramaturgia do SESI em 1995. Teve a peça Vida Besta montada em 1997.
Não Branco Não Homem Volume 1 – Eleições, Trapaças e Carros Possantes tem 287 páginas e está disponível no formato impresso e digital na Amazon. Não Branco Não Homem Volume 2 – O Revolucionário, A Surra e os Fatos Malpassados tem 400 páginas e também está disponível no formato impresso e digital na Amazon.
Janaína Leme
@eujaestiveem
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