Eu Já Estive Em “A Ilha e o Espelho”, de Fauto Panicacci

“Ao espírito humano que só se realiza nos desafios”. Essa é uma das tantas citações que se é possível extrair de A Ilha e o Espelho, de Fausto Panicacci, e a escolhi para assim começar a resenha, já que foi o desafio de Theo B. em viajar para Cambridge, na Inglaterra, conhecer personagens tão significativos, e se permitir experimentar situações, momentos e lugares inusitados que permeiam toda a história.
Amigos estão em um pub em São Paulo. Um deles precisa decidir hoje se vai ou não seguir viagem para passar um tempo de sua vida em outro país. Eis que Theo B. surge na história convidado a contar sua experiencia em Cambridge para assim, colaborar com a decisão de viajar ou não para outro país. E, caso você também tenha essa dúvida, te aconselho a ler A Ilha e o Espelho com urgência.
Cada um dos amigos que Theo B. faz em Cambridge vão influenciar sua vida de alguma forma. Enquanto tudo isso acontece, o leitor vai se deparar com temas como refugiados, as toneladas de materiais tóxicos que podem estar viajando de um país para outro neste momento, e a violência física / sexual sofrida por cerca de um terço das mulheres em todo o mundo. Os temas e os personagens passaram pela obra assim como as notícias e os amigos passam por nossas vidas no dia a dia, com alguns nos envolvemos mais, com outros apenas observamos como um telespectador.
É o tipo de leitura que te traz inúmeros questionamentos e, mesmo não sendo um livro que tenha o turismo como pano de fundo, dá aquela vontade enorme de fazer as malas e encarar mais uma experiência, justamente por todo aprendizado que uma experiência como a de Theo B. pode trazer para cada um de nós. Como disse o autor, Fausto Panicacci: somos os livros que lemos e os amigos que temos”.
Alguns trechos do livro que separei por aqui:
“Não quero a vida medida em múltiplos de sessenta: sessenta segundos, sessenta minutos, os sessenta quilos que odeio. Prefiro o salto no instante”.
“As maravilhas do passado não deixaram de ser belas; nós é que nos tornamos insensíveis a elas”.
“A única forma de compreender algo do ser humano é se dispondo a acreditar em estados contraditórios”.
“Às convocações da vida, podemos responder com o assentimento entusiástico, ou com as costas ríspidas, ou com a deserção desonrosa, só no primeiro caso se dignifica com a proposta”.
“Nada é tão penoso para a mente humana quanto uma grande e repentina mudança”.
“Os homens que se encolerizam por motivos justos, com coisas e pessoas certas, além disso, como, quando e enquanto devem, são dignos de ser louvados”.
“Apenas vejo o humano sendo esquecido em cada ato, cada invenção moderna, em cada inovação supostamente voltada ao humano, mas que diminui em sua humanidade”.
“Quantos de nós já não perdemos um grande amor antes mesmo de tê-lo conhecido, por um mero desajuste temporal – simplesmente por outra pessoa tê-lo encontrado antes?”
“Não há pequenos capítulos na vida de todo mundo, que parecem ser nada, mas ainda assim, afetam todo o restante da história?”
“Quem mata um inocente era como se tivesse assassinado toda humanidade.”
“Só os humanos são capazes de regozijar diante da morte de indefesos.”
Sinopse: o que todos aqueles abismos têm em comum é o olhar dos que sofrem: um atordoamento cabal, um não saber a razão da tragédia; é o olhar dos desvalidos. Gigantescos contingentes humanos compelidos a abandonar suas casas, fugindo da guerra, de doenças, da sede, da fome.A ilha e o espelho é uma reflexão profunda sobre ações e comportamento humanos diante de situações sofridas por aqueles que são invisíveis aos olhos da sociedade, mas que, sem eles, a vida moderna não teria conforto. Entre encontros e desencontros do protagonista Theo B. com seu eclético grupo de amigos, a trama se passa por vários lugares do mundo e perpassa as mais diversas áreas do saber humano, abordando temas como xenofobia, agressões físicas e morais, amores e amantes, indecisões, crises de identidade e de profissão.
Fausto Luciano Panicacci nasceu em São João da Boa Vista, interior de São Paulo. Já morou em Cambridge (Inglaterra) e fez seu doutorado em Ciências Jurídicas na Universidade do Minho (Portugal), além de ser formado em Direito pela Universidade de São Paulo (USP). Sua paixão pela arte e literatura o levou a estudar Fotografia, História do Cinema e História da Arte. Atualmente, é promotor de Justiça e escritor com três obras publicadas, entre elas O silêncio dos livros, que alcançou a lista de mais vendidos na Espanha e no Brasil.
A Ilha e o Espelho, de Fausto Panicacci, publicado pela Maquinaria Editorial, tem 304 páginas e está à venda nas livrarias de todo Brasil, assim como nas plataformas de e-commerce no formato impresso e digital. Agradecimento especial ao autor e à LC Agência pela oportunidade de participar da leitura coletiva da obra, assim como conversar com o autor sobre o livro.
Janaína Leme
@eujaestiveem