Eu Já Estive Em “Com Amor, Mamãe”, de Analu Leite

Escrever é terapêutico para muitos de nós! Aqui, para Maria Clara, foi a forma que encontrou de se comunicar com ela mesma, e de quebra, se comunicar com a filha, que deixa Ilhéus, para estudar na capital São Paulo, deixando também a mãe com o ninho vazio e reflexiva. Vamos falar mais sobre “Com Amor, Mamãe”, escrito por Analu Leite.
Maria Clara é a mãe, que encontra nas cartas uma forma de se comunicar com a filha que estudava em São Paulo. Se comunicar, entre aspas, porque a mãe praticamente falava sozinha, ou melhor, escrevia sozinha, já que a filha nunca respondia e mal ligava para dar notícias. Tanto que se sabe pouco sobre ela, mas sobre a mãe e sobre ser mãe você vai conhecer bastante.
Pelo menos uma vez por mês uma carta seguia para São Paulo (os capítulos começam com as datas das cartas) e nelas o livro ganha forma com Maria Clara contando sobre como engravidou, toda sua gravidez, as amigas que fez, os perrengues que passou, revisitou a discussão da cesárea X parto normal, inclusive com dicas de documentários, fala sobre o quanto as fotos que antecedem a maternidade viraram moda para as mães postarem na internet, lutou contra fazer, mas após feito curtiu demais a experiência, a discussão do chá revelação, os gastos de um chá de bebê, o quanto as mães são diferentes e as diferenças entre as celebrações. Segue também sobre os primeiros dias com a filha em casa, amamentação, quanto ser mãe é um ato solitário, quanto o puerpério é complicado.
Como Maria Clara traz as amigas que fez durante a gravidez para o livro, isso abre para a autora trazer muitos assuntos à tona e entre eles estão: o amor universal de mãe, violência contra a mulher, racismo, questões econômicas, falta de apoio masculino, alegrias e receios. Deixo aqui à dúvida se a autora pode realmente vivenciar tudo o que conta porque as diferenças entre as mães que estão ali grávidas – Maria Clara e suas amigas – no mesmo momento e como cada uma decide por suas fotos, seus chás revelação, seu parto e a individualidade que se dá depois do nascimento foi algo que me cativou bastante na leitura. Um livro que vale ser lido por mães e filhos.
“Pois prefiro me arrepender por algo que eu fiz do que pelo que não fiz.”
“Não quero dizer que o conhecimento formal não seja importante. Pelo contrário! Mas passei a entender que não é o único, que existem outras formas de saber…”
“É a mágica do tempo. Às vezes impiedoso, outras vezes salvador, ele sempre passa. E o que era desconhecido, vai se tornando familiar…”
“Toda mulher, por mais fantástica que seja, deve pedir ajuda; toda mulher, por mais fantástica que seja, merece ajuda.”
Sinopse: quando a filha, aos vinte anos, larga o curso de graduação e se muda de cidade com um namorado sem carisma nem juízo, Maria Clara fica perdida, raivosa, preocupada… E cheia de saudade. Ao descobrir o paradeiro da menina, não pega um avião: em vez disso, decide respeitar a decisão de Ana Beatriz e resgatar o laço por meio de cartas. Lendo seus relatos, nos aproximamos não só do passado das duas, mas da multifacetada experiência da maternidade.
Sobre a autora: Analu Leite é mulher, escritora e sonhadora. Mãe de Helena e Heitor, esposa de André. Formada em Direito pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Mestre em Direito Processual Constitucional pela Universidade Nacional Lomas Zamora (Argentina). Servidora pública do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia.
“Com amor, Mamãe”, escrito por Analu Leite, publicado pela Editora Mente Aberta, tem 185 páginas e está à venda nas plataformas de e-commerce.
Janaína Leme
@eujaestiveem