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Eu Já Estive Em “Secante”, de Jamyle Dionísio, da Casa Projetos Literários

Hoje vamos contar mais sobre Secante, obra escrita por Jamyle Dionísio, uma das grandes autoras da Casa Projetos Literários. Marcos e João são os protagonistas da história contada em contos em um formato não convencional, mas que me chamou muita a atenção, justamente por todas as oportunidades exploradas pela autora em como contar a história.

Secante é um pouco romance porque os contos têm uma sequência que contam a vida do casal e como eles constroem o relacionamento. Mas, escolher escrever em contos, não em capítulos, foi o grande diferencial da escrita porque justamente por escolher o formato conto, a autora pode ir e voltar no tempo e acelerar a história de formas muito peculiares. Sem contar que, por ser conto, cada um deles, quase que obrigatoriamente traz um grande acontecimento, uma novidade.

Falando um pouco da história, Marcos começa o livro acordando em sua casa com um Homem em sua cama, com detalhes ótimos como o cheiro do lençol que todo mundo lembra depois que dormiu com alguém que mexe com você. João aparece contando mais sobre seu passado, em um conto narrado por uma mulher, aquela que é a mãe de sua filha. Eis que surge Constança entre os contos, a filha de João, que se encanta com Marcos e com o passar dos anos, ganha mais um pai.

E assim as histórias de cada um deles vai ganhando forma, com os perrengues do dia a dia, os questionamentos por serem um casal gay, o preconceito que crianças que tem dois pais, ou duas mães sofrem, a questão da sua mãe entender que você é gay e ver você se relacionando com outro homem, você ser pai e aprender a ser pai olhando sua filha nos olhos e interagindo com ela, a questão pessoal de cada um sobre a importância de um casamento no papel, ou não… enfim, são muitos os destaques da obra que a autora apresenta da mesma forma como os problemas do dia a dia vão caindo no nosso colo a cada momento do dia.

Ah, e tem a paixão por gatos, a linda máquina de escrever, também que valem ser mencionados 😊

Acredito que seja importante o leitor ter consciência de quem está lendo um livro de contos e não um romance com capítulos lineares, porque sem essa consciência pode rolar um certo choque até entender quem está falando em cada conto. Isso rolou um pouco quando li “Nuvem”, por exemplo, e é Constança quem narra, num texto onde ela ora é uma criança, ora é uma adulta mais letrada que muito adulto. Foi daqui para frente que eu me acostumei mais com o formato, por exemplo.

Alguns trechos do livro:

“Era desses homens que sempre estavam de meias, como se tentasse encobrir seus rastros”

“… um Homem alto, largo, cheira a floresta, araucária, serra da Mantiqueira, verde-escuro e úmido, um pouco frio, mas um frio bom, uns olhos frios e elegantes.”

“São três da tarde de quinze de abril de mil novecentos e oitenta e seis, caralho, e nunca mais será três da tarde de quinze de março de mil novecentos e oitenta e seis.”

“Nunca é a maior palavra que existe, explicou Esther. Ela é forjada em placas de chumbo e concreto. O Nunca mata na hora.”

“O apartamento está cada vez mais vazio de gente e cheio de palavras. Tenho a impressão de que os anos passam e vamos acumulando palavras dentro da gente.”

“Ela dizia que o mundo é do tamanho do nosso vocabulário.”

Sinopse: Treze contos, treze encontros, treze pontos de intersecção. Um rapaz que descobre que sua paixão mais recente tem uma filha, uma mãe que abandona tudo e simula a própria morte, um gato preto que precisa vencer a própria desconfiança e aceitar a vida confortável que se oferece a ele: narrativas independentes ou vidas que, em algum ponto de suas retas, se entrelaçam. Em Secante experiências, tempos e vozes se entrecruzam dos anos 1980 aos dias atuais. Acompanhamos a formação de uma família que foge aos padrões tradicionais e, por isso, se depara com a necessidade de encontrar novas definições que a abarquem e de buscar o espaço de que precisa para existir.

Sobre a autora: Jamyle Dionísio nasceu em São Paulo em 1984. Graduou-se em Ciências Sociais e foi psicanalista por um tempo, mas é como servidora pública do Itamaraty que sossega até hoje. Atravessou os mais estranhos lugares como Mauritânia, Irã, Israel, Líbano e Brasília. No momento trabalha no Consulado Geral do Brasil em Nova York.

Secante, de Jamyle Dionísio, tem 132 páginas e está à venda nas plataformas de e-commerce. A autora é um dos destaques da Casa Projetos Literários, que apresenta vasta experiência no mercado literário para ajudar e orientar o autor sempre que necessário, a fim de que o seu projeto editorial atinja o objetivo de publicação por meio de um trabalho de qualidade e que conquiste os leitores.

Janaina Leme

@eujaestiveem

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