A Feira do Livro 2025 inaugura curadoria infantil e fortalece programação com número recorde de debates e atividades

A quarta edição d’A Feira do Livro, festival literário gratuito e realizado a céu aberto entre 14 e 22 de junho, leva para o bairro paulistano do Pacaembu nove dias de debates, oficinas, contações de história e outras atividades totalmente gratuitas em torno do livro e da leitura. Os 150 editores e livreiros participantes vão trazer sua produção para a praça pública e promover diálogos entre os autores das mais diversas tendências, origens e sensibilidades.
São esperadas pelo menos 110 mil pessoas na praça Charles Miller durante esta edição d’A Feira do Livro, que é uma realização da Associação Quatro Cinco Um, organização voltada para a difusão do livro no Brasil, da Maré Produções, empresa especializada em exposições de arte, e do Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet – Incentivo a Projetos Culturais. Tem apresentação exclusiva da Petrobras, por meio da Seleção Petrobras Cultural – Novos Eixos, patrocínio Prata da Prefeitura de São Paulo e da Motiva, patrocínio Bronze do Itaú e da laranjinha do Itaú, e apoio do Instituto Ibirapitanga, Pinheiro Neto Advogados e enjoei.
A Feira do Livro 2025 acontece nas condições mais favoráveis desde a primeira edição, em 2022:
- Inaugura um novo palco infantil na programação oficial, o Espaço Rebentos, com curadoria das jornalistas Juliana Vettore e Jaqueline Silva, além de novas estruturas e serviços voltados para o conforto de todos os participantes;
- Traz na programação oficial mais de 200 autores de todas as regiões do país, e convidados estrangeiros, que levam para o Pacaembu as principais tradições literárias em diálogo com a cultura brasileira;
- Amplia tanto o número de eventos na programação quanto a estrutura dos Tablados Literários — pequenos palcos destinados à programação paralela —, que têm curadoria dos expositores;
- Acontece no feriadão de Corpus Christi, proporcionando seis dias livres para o paulistano e para quem vem de fora curtirem o festival literário;
- Realiza-se plenamente integrada a outras atrações culturais do território, como o Museu do Futebol, que renovou sua exposição permanente, e aMercado Livre Arena Pacaembu, pela primeira vez aberta ao público durante uma edição d’A Feira do Livro — um programa cultural completo.
- Além de literatura — em especial a poesia e a crônica —, os eixos temáticos da programação incluem os 40 anos da redemocratização, tema geral que perpassa os demais debates, focados em meio ambiente, história, divulgação científica, cultura afro-brasileira, cultura indígena, alimentação, cultura do livro, teologia, jornalismo, educação, luta antirracista, relações afetivas, empreendedorismo social, cultura pop, cultura paulistana, relações internacionais, entre outros assuntos.
Em 2025, com o novo espaço para a programação infantil e a ampliação dos debates nos três Tablados Literários, estão previstos 250 eventos no total. Em 2024, o festival reuniu um público de 64 mil pessoas, com um total de 164 eventos.
Programação oficial
A programação oficial acontece em três espaços: o Palco Petrobras, que é montado no meio da rua, defronte ao estádio, o Auditório Armando Nogueira, que fica no Museu do Futebol, e o novíssimo Espaço Rebentos. Nos debates, todos gratuitos, o público tem a oportunidade de ver ou rever de perto seus autores preferidos, brasileiros ou estrangeiros, e descobrir as novidades da literatura e da não ficção.
Os autores paulistanos trazem para o Pacaembu os diferentes sotaques da prosa e da poesia da cidade. Os que vêm de fora ampliam a sua presença: A Feira do Livro 2025 tem convidados de Canadá, Estados Unidos, Colômbia, Chile, Argentina, Portugal, Espanha, França, Alemanha, Palestina e Cabo Verde.
40 anos de democracia
Em 2025, o Brasil celebra quarenta anos do retorno à vida democrática, com a posse, em 1985, de um civil na presidência da República, o fim da censura e a realização de eleições livres, sem a tutela militar. Se em 2024 A Feira do Livro rememorou os sessenta anos do Golpe de 64, este ano vamos repassar com os nossos convidados, no local onde ocorreram algumas das manifestações pelas Diretas, essas quatro décadas de democracia.
Além dos indispensáveis historiadores e jornalistas, essa história também é contada por ficcionistas, poetas, economistas, filósofos, artistas, tradutores, ilustradores, editores, cientistas e professores que se reúnem na programação oficial d’A Feira do Livro. As populações negra e indígena, que seguem sofrendo a violência de Estado mesmo após a redemocratização, acrescentam seu imprescindível ponto de vista.
A programação oficial tem a literatura (poesia e ficção) como núcleo central, com a presença tanto de nomes consagrados, acostumados a frequentar as listas de mais vendidos e as principais premiações literárias do país, quanto dos estreantes e dos representantes das novas gerações. O jornalismo, a filosofia, a crítica literária, as artes visuais, a tradução literária, a edição de livros, a história, o teatro, a canção popular estão entre os saberes e artes que dialogam com a literatura nas mesas da programação e conferem à Feira do Livro 2025 um perfil plural e conectado com o debate público.
“A Feira do Livro acontece no meio da rua e por isso traz o espírito de mistura, de múltiplas vozes e pessoas que se cruzam numa praça”, diz Paulo Werneck, diretor geral do festival. A curadoria é feita a partir de sugestões dos expositores, da equipe da Quatro Cinco Um e dos colunistas da revista como Paulo Roberto Pires, Juliana Borges, Renan Quinalha, Bruna Beber e Fernando Luna, que fazem a mediação de alguns dos debates. “Na programação deste ano os autores consagrados se misturam aos underground, o pop encontra o erudito, o periférico encontra o estrangeiro”, afirma Werneck.
A Feira do Livro tem como preocupação central a bibliodiversidade, isto é, a presença de editores e autores de perfis diversos, trazendo diferentes pontos de vista para o debate. Como forma de garantir esse aspecto fundamental da circulação de ideias, o festival literário paulistano mantém pelo terceiro ano seguido uma iniciativa em parceria com o Instituto Ibirapitanga para isentar das taxas cobradas dos expositores as editoras e livrarias negras, periféricas e sem fins lucrativos, facilitando a sua participação. Em 2025, serão nove os expositores beneficiados.
Espaço Rebentos
Uma das principais novidades da edição de 2025 d’A Feira do Livro é a estreia da programação oficial voltada para crianças no Espaço Rebentos, montado em frente ao estádio, em meio às tendas dos expositores. Nas edições anteriores, as atividades para crianças eram organizadas por parceiros e expositores.
Com entrada gratuita, o novo palco infantil deve receber cerca de 60 convidados em 33 atividades que incluem bate-papos, contações de histórias, oficinas e apresentações musicais com grandes autores, ilustradores e artistas do livro para as infâncias no Brasil. Não é necessário retirar senha ou ingresso. Após as atividades os autores vão assinar seus livros ali mesmo.
A curadoria do Espaço Rebentos, a cargo da jornalista e produtora cultural Juliana Vettore e da jornalista Jaqueline Silva, responsável pela cobertura infantojuvenil da revista Quatro Cinco Um, é uma versão para crianças do que se vê nos palcos voltados para o público adulto d’A Feira do Livro, com a literatura como eixo principal e temas em pauta na educação e no debate público, como cultura indígena, política, meio ambiente, cultura afro-brasileira, entre outros.
“A programação do Espaço Rebentos dialoga com os temas contemporâneos debatidos nos demais palcos d’A Feira do Livro, mas também abre espaço para a imaginação e a fantasia, com a presença de autores que escrevem e ilustram para contar histórias que vão desde um elefante fora de ritmo, passando por um cupcake aventureiro, até um grupo de gatos voadores em meio à cidade grande”, explica Jaqueline Silva.
Entre os confirmados estão a apresentadora e chef de cozinha Bela Gil; estrelas da literatura infantojuvenil, como Ruth Rocha — que tem um estande dedicado à sua obra n’A Feira do Livro — e Pedro Bandeira; o babalorixá e escritor Sidnei Nogueira; a escritora Andréa del Fuego; o ilustrador Daniel Kondo; a poeta e cordelista Auritha Tabajara; o poeta Edimilson de Almeida Pereira; a professora e escritora Lavínia Rocha; e um pocket show da banda Barbatuques.
Voltado principalmente para crianças de 4 a 9 anos — mas sem deixar outras faixas etárias de fora — o espaço foi projetado para acolher pequenos leitores e seus acompanhantes, com palco, área de leitura, bancadas de editoras voltadas para as infâncias e mesa de autógrafos. No interior da tenda, serão distribuídas credenciais especialmente feitas para as crianças — além da brincadeira de dar credenciais semelhantes às dos autores convidados, a iniciativa ajuda a identificar as crianças com o nome e o contato dos acompanhantes.
“A cenografia, que leva a identidade visual d’A Feira do Livro, cria um ambiente lúdico e acolhedor, pensado para atrair leitores de todas as idades”, conta Alvaro Razuk, diretor geral e de arte e arquitetura do festival literário.
“O espírito d’A Feira do Livro, ao trazer a bibliodiversidade para o espaço público, a céu aberto, sem cobrança de entrada, é expandido nesse novo espaço, que amplia a circulação de livros para os pequenos”, reflete Juliana Vettore.
Nos fins de semana e no feriado serão quatro atividades ao longo do dia, às 11h, 13h, 15h e 17h. De segunda (16) a quarta (18), serão três atividades, às 12h30, às 15h e às 17h.
O Espaço Rebentos tem parceria da Associação Vaga Lume, organização que promove acesso à leitura na região amazônica e participa do festival literário paulistano desde 2022. A Vaga Lume realiza n’A Feira do Livro 2025 um ciclo de debates voltados para educadores, professores e pesquisadores da educação sobre incentivo à leitura, tratando da formação de leitores nas periferias, mediação literária, as infâncias negras e indígenas, edição, acervos e bibliotecas comunitárias.
Oficinas
A Feira do Livro traz em sua programação oficial uma série de oficinas, voltadas para todas as idades, que exploram a cultura material do livro: produção artesanal de livros, xilogravura, cadernos feitos com envelopes, isogravura (técnica de gravura em relevo), intervenções gráficas em esculturas de papel, carimbos botânicos e bordado. Para as crianças pequenas haverá oficinas de criação de livros artesanais, de haicais e até de desenhos feios. A Tenda das Oficinas está localizada próximo ao Espaço Rebentos, onde também acontecem algumas das oficinas.
Estrutura
A Feira do Livro é realizada ao ar livre, na praça Charles Miller, no bairro paulistano do Pacaembu, numa área de mais de 15 mil metros quadrados, normalmente dedicada à circulação e ao estacionamento de carros. Suas estruturas incluem seis palcos de debates, uma livraria para as sessões de autógrafos, 120 tendas, 16 ilhas e 44 bancadas ocupadas pelos expositores, 2 tendas de oficinas, espaço instagramável assinado por um dos maiores artistas brasileiros, área de descompressão, espaço para animais de estimação, sala de imprensa e tendas de serviço.
O Palco Petrobras, o maior dos espaços da programação oficial, fica localizado na rotatória defronte ao estádio e terá os debates transmitidos para um painel de LED na Praça do Telão. O público também poderá acompanhar os debates pelo YouTube, ao vivo, no canal d’A Feira do Livro, ação também apresentada pela Petrobras. No Auditório Armando Nogueira, que fica no Museu do Futebol, parceiro de primeira hora d’A Feira do Livro, também ocorrem debates, que serão publicados posteriormente no canal do YouTube. Estão programadas 72 mesas de debates nos dois maiores palcos ao longo dos nove dias de duração do festival literário paulistano.
O Espaço Rebentos — palco infantojuvenil que integra pela primeira vez a programação oficial — fica localizado em meio aos espaços expositivos, em torno da Praça do Telão.
Após os debates, os autores da programação oficial autografam seus livros na Livraria dos Autores por Livraria da Travessa. A rede de livrarias assume em 2025 o espaço dedicado aos autógrafos com uma loja que, além dos livros dos autores convidados, vai vender também os produtos d’A Feira do Livro: camisetas, bonés, cangas, canecas e outras lembranças. Os produtos têm a identidade visual d’A Feira do Livro, criada pelo Estúdio Campo, de Paula Tinoco e Roderico Souza, e as peças de vestuário têm criação da estilista Iara Wisnik. A direção de arte d’A Feira do Livro é do arquiteto Alvaro Razuk.
Os Tablados Literários — três palcos que compõem a programação paralela, feita em parceria com os expositores — ficam próximo aos espaços expositivos: o Espaço Motiva Tablado Literário está localizado na entrada principal d’A Feira do Livro, o Tablado Literário Mário de Andrade no lado diametralmente oposto e o Tablado Literário das Bancadas na Praça das Bancadas.
A edição 2025 traz mais novidades em sua estrutura: o Espaço Instagramável por Marcelo Cipis, onde o público pode tirar fotos em meio aos curiosos personagens criados pelo artista paulistano. “A instalação é algo parecido com um diorama, um tipo de cenário que cria a ilusão de tridimensionalidade a partir de pinturas bidimensionais”, explica Cipis, que também é autor e ilustrador de livros. “Ela propõe um jogo de percepção entre essas duas dimensões, onde o plano e o volume se misturam e se confundem.”
No Espaço de Descompressão, pessoas neurodiversas podem aliviar o estresse e a ansiedade. O Espaço Baleia para Animais de Estimação oferece sombra e água fresca para os visitantes de quatro patas — que sempre são muitos. O nome do espaço evoca a célebre cadela criada por Graciliano Ramos em Vidas secas.
Os espaços expositivos das 150 editoras e livrarias participantes são montados em torno da Praça do Telão. São três tipos de espaços expositivos: as bancadas (pranchas sobre cavaletes), que ficam na Praça das Bancadas; as ilhas, que têm o dobro do tamanho das bancadas e ficam agrupadas na Tenda das Ilhas; e por fim as tendas de 5 x 5 metros, que ficam espalhadas ao redor da Praça do Telão, em conjuntos de seis tendas, que podem ser ocupadas por um ou mais expositores.
A Praça das Bancadas reúne 43 expositores de menor porte, mas de grande relevância, muitos deles de perfil artesanal e experimental, e está localizada entre os dois setores da Praça de Alimentação. Este ano, a Praça das Bancadas ganha o Tablado Literário das Bancadas para a realização de lançamentos, debates e sessões de autógrafos. Já a Tenda das Ilhas reúne 11 editoras e está localizada entre a entrada principal e a Praça do Telão.
Dividida em dois setores, junto à Praça das Bancadas, a Praça de Alimentação oferece opções variadas de comidas e bebidas, e tem como novidade este ano carrinhos de alimentação espalhados pela praça, em meio às tendas dos expositores. O balcão de Informações e Credenciamento, bem como os Achados e Perdidos, ficam perto da entrada principal.