Projeto Graffiti pra Cego Ver chega ao CEU Alvarenga e transforma arte urbana em experiência acessível para pessoas com deficiência visual

Imagine poder tocar a arte. Sentir com as mãos uma imagem, descobrir seus detalhes em relevo, ouvir uma descrição que transforma tinta em emoção. O projeto Graffiti Pra Cego Ver, que traz essas e outras possibilidades, acaba de ganhar uma nova fase ainda mais sensível, inclusiva e necessária.
Criado para romper barreiras e tornar a arte urbana acessível a todos, o projeto transforma murais em experiências multissensoriais voltadas especialmente para pessoas com deficiência visual. Cada obra ganha texturas em alto-relevo, Braille e QR codes com áudios descritivos, que permitem vivenciar a arte de forma completa — com todos os sentidos.
“É uma forma de democratizar o acesso à arte de rua, permitindo que pessoas com deficiência visual vivenciem cada detalhe e emoção das obras”, comenta o curador Roberto Parisi.
Nessa nova etapa, uma obra assinada pelo artista Tief, batizada de “Rio sem Peixe, Peixe sem Rio” — um painel que convida o público a tocar e refletir.
O mural apresenta um indígena gigante, com o rosto parcialmente submerso em ondas. De seus braços erguidos, ele sustenta uma pequena canoa com um garoto ribeirinho dentro — em posição de salto, como quem se lança ao desconhecido ou emerge de uma ancestralidade comum.
“Esse menino tem traços que misturam as etnias originárias do Brasil e do sudeste asiático, representando a continuidade e a conexão entre dois mundos. A ideia é falar sobre identidade, pertencimento e sobre como a arte pode ser um elo entre culturas distantes no mapa, mas próximas na essência”, explica Tief.
O indígena usa uma pulseira de sapê com hibiscos rosas e vermelhos, símbolo de força, amor e coragem. No canto direito da imagem, lê-se a frase “Rio sem peixe, peixe sem rio” — sendo que a palavra “peixe” é representada por um pequeno desenho em forma de peixe com padrões geométricos, trazendo ainda mais camadas sensoriais à obra.
“Quis provocar uma reflexão sobre a relação entre a pesca e a subsistência, unindo comunidades ribeirinhas do Brasil e da Malásia. Esse elo invisível entre povos e rios fala de fraternidade, de empatia e de histórias compartilhadas.”
Sinta, toque, conecte-se
Realizado pela Mosaiky, com incentivo da Petronas Brasil via Ministério da Cultura – Governo Federal, o projeto é um convite aberto para experimentar a arte de uma nova maneira — com o corpo todo, com a alma inteira.
Venha viver essa experiência transformadora. Porque a arte é um direito de todos — e agora, todos podem senti-la.
SERVIÇO:
No CEU Alvarenga
Data: De 13 de junho a 13 de julho
Endereço: Estrada do Alvarenga, 3.752 – Balneário São Francisco – Pedreira – São Paulo