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Pelas águas da escrita, de Nilma Lacerda, é o mais recente lançamento da Maralto Edições

A Maralto Edições e a escritora Nilma Lacerda convidam o leitor a uma viagem por diferentes geografias e camadas da cultura escrita com o livro Pelas águas da escrita. A obra, que integra o projeto maior Diário de navegação da palavra escrita na América Latina, reúne relatos de viagem, reflexões e registros da autora durante suas passagens por cidades da Europa e da América Latina — como Paris, Barcelona, Lisboa, Rio, Pirapora, São Paulo, Montevidéu, Cidade do México —, debruçando-se sobre o poder transformador da leitura e da escrita.

Com um olhar atento e afetuoso, Nilma percorre ruas, museus, igrejas e feiras de livros com uma caderneta em mãos, exercendo o ofício quase extinto de copista e recolhendo escritas que, muitas vezes, estão prestes a desaparecer — grafites em muros, bilhetes anônimos, trechos de livros antigos, pedidos de ajuda ou poemas esquecidos. Com isso, dá visibilidade a vozes silenciadas e reafirma a palavra escrita como ferramenta de resistência, memória e libertação.

Em Pelas águas da escrita, a autora compartilha episódios marcantes de sua travessia: a inscrição gravada em pedra à margem do Sena que registra um momento decisivo na vida de um jovem príncipe, o futuro rei Luís XIII; um cartão-postal de 1919 desejando o retorno dos “soldados queridos”; o desabafo de um cidadão agredido por fiscais de transporte. Essas micro-histórias revelam o entrelaçamento entre o cotidiano e grandes acontecimentos históricos, e são ponto de partida para reflexões sobre as camadas do tempo e da cultura. Nilma também propõe um diálogo entre a experiência europeia e a realidade brasileira — especialmente a do Rio São Francisco, foco do projeto pedagógico e cultural Caminho das Águas. Ao comparar os castelos do Vale do Loire, na França, reconhecidos como patrimônio mundial pela Unesco, com o modo de vida ribeirinho ainda pouco valorizado no Brasil, a autora evidencia as disparidades no reconhecimento e preservação das heranças culturais e naturais.

“A teoria das Mentalidades, movimento que ocorre em meados do século passado, ocasiona uma grande reviravolta nos estudos de História, que passam a privilegiar não mais os grandes fatos e personagens, mas os movimentos miúdos, a forma de viver das classes fora do poder, seus saberes, suas ações de resistência”, reflete Nilma. “A História da Leitura e da Escrita surge aí. Registra, por exemplo, a história de um moleiro queimado pela Inquisição, já na Idade moderna, em 1600, pelo pecado de leitura. O queijo e os vermes, de Carlo Ginsburg, é a história de Domenico Scandella, vulgo Menocchio, que lia e queria comentar o que lia com outras pessoas. Por isso, foi condenado à fogueira. Estou em boa companhia com meu diário, que traz vozes de muitos cantos”, acrescenta.

Em um tom de intimidade e consciência política, Nilma também compartilha suas reflexões sobre a desigualdade de acesso à leitura e à escrita, especialmente entre as mulheres. Relembra a trajetória de sua mãe, que não teve a oportunidade de estudar, e reforça a importância de reivindicar a palavra escrita como direito e legado coletivo.

Para a autora, escrever é resistir. Ao trazer à tona o embate entre permanência e apagamento, entre o vencedor que grava e o vencido que cala, Pelas águas da escrita instiga o leitor a não deixar passar despercebida essa tecnologia fundamental: a palavra escrita.

“Desejo que o leitor não deixe passar batida essa tecnologia de ponta na comunicação, das mais fundamentais, e que use e abuse do ato de escrever”, finaliza a autora.

Pelas águas da escrita propõe uma navegação pela escrita em suas múltiplas formas: das paredes das cidades aos arquivos históricos, das vozes anônimas às narrativas oficiais. Mais do que um diário de viagem, o livro é um convite à escuta atenta das palavras e dos silêncios que moldam nossa história. A obra também faz parte do Programa de Formação Leitora Maralto, uma iniciativa direcionada para escolas de todo o país.

Sobre a autora:

Nilma Lacerda é escritora, professora e tradutora. Nascida no Rio de Janeiro, doutora em Letras Vernáculas, tem trajetória marcada pela pesquisa e produção nas áreas de literatura, leitura e escrita. É autora de livros como Manual de tapeçariaPena de gansoEstrela de rabo e mais históriasIberê Camargo: um homem valente e Cartas do São Francisco: novas e antigas conversas. Sua obra já foi reconhecida com prêmios importantes como o Jabuti, o Prêmio Brasília de Literatura, o selo White Ravens (Alemanha) e diversas distinções da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).

Professora aposentada da Universidade Federal Fluminense (UFF), realizou pós-doutorado em História Cultural na França, sob orientação de Roger Chartier. Seu projeto Diário de navegação da palavra escrita na América Latina originou o livro Pelas águas da escrita. Nilma também atua como crítica literária e mantém, ao lado de Maíra Lacerda, a coluna Caleidoscópio, no jornal Rascunho.

Pelas águas da escrita

Autora: Nilma Lacerda

Editora: Maralto Edições

Preço: R$ 59,90

Vendas: https://loja.maralto.com.br e livrarias parceiras

Lançamento:

07 de agosto de 2025 a partir das 19h
Blooks Botafogo – Praia de Botafogo, 316 – Botafogo, Rio de Janeiro, RJ.

12 de agosto de 2025 a partir das 18h30
Blooks Niterói – Rua Miguel de Frias, 9 – Icaraí, Niteroi, RJ

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