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Clara Carvalho dirige Escola de Mulheres nos 400 anos de Molière

Num gesto de transgressão ao patriarcado e ao conservadorismo, Molière (1622 – 1673) traz à tona, com muita ironia, leveza e elegância, a sagacidade feminina em Escola de Mulheres. Sob direção de Clara Carvalho, a estreia acontece no sábado, 15 de janeiro, às 20hs, dia da celebração dos 400 anos de nascimento do autor. Esta é a abertura da programação de 2022 do Teatro Aliança Francesa. A montagem é protagonizada por Brian Penido Ross, que está ao lado de Ariel Cannal, Felipe Souza, Fulvio Filho, Gabriela Westphal, Leandro Tadeu, Luiz Luccas, Rogério Pércore e Vera Espuny.

“Este é um texto escrito em 1662, quando Molière tinha 40 anos e estava na plenitude de sua potência criativa. Ele também fazia o papel de Arnolfo, personagem que repele frontalmente a ideia de ser traído e, para isso, educa a jovem Inês para que ela se torne sua esposa ideal, criando-a na mais absoluta ignorância. Mas, como em muitas de suas peças, as personagens femininas de Molière são perspicazes, inteligentes e descobrem como se empoderar numa circunstância a princípio desfavorável e o plano de Arnolfo mostra-se muito difícil de implementar. Sente-se no texto a simpatia de Molière pelas mulheres. O machismo patológico é escancarado, ridicularizado e, sentimos um viés francamente feminista”. É esse viés que queremos colocar em cena”, comenta Clara Carvalho.

A peça, que foi um sucesso estrondoso na sua estreia em Paris, e gerou infindáveis discussões sobre a polêmica comportamental que trazia, é exemplarmente clássica, com unidade de tempo – tudo se passa em 24hs – espaço e ação e a encenação busca mesclar sugestões do século XVII com traços contemporâneos. Tudo se passa numa praça e, ao fundo, um painel com o sol nos remete a Luís XIV, patrono das artes e da trupe de Molière. Por conta da polêmica que seu texto gerou, Molière escreveu logo, depois da estreia, uma outra peça para responder a seus detratores, A Crítica à Escola de Mulheres, que a produção pretende montar ainda em 2022.

Brian Penido Ross comentou as características de seu personagem e as comparou com outros clássicos do autor: “Arnolfo é um burguês de meia idade e está sujeito às convenções do amor e do casamento, ao contrário do comportamento libertino dos homens e mulheres da corte de Luís XIV. Ele faz toda sorte de intrigas sobre homens que foram traídos e deseja obsessivamente não se tornar um deles. Molière tem uma galeria genial de personagens com comportamentos compulsivos, como Argan, de O Doente Imaginário, ou Harpagão, de O Avarento.

Num momento em que o Brasil está lidando com pautas conservadoras e repressivas, rir de Arnolfo e acompanhar a rápida e comovente evolução de Inês em sua compreensão do mundo é muito salutar.

Durante a preparação da peça a equipe se inspirou em filmes como A Viagem do Capitão Tornado, (1990, de Ettore Scola; Molière, (1976, de Ariane Mnouchkine); O Rei Dança, (2000, Gérard Corbiau); Vatel – Um Banquete para o Rei, (2000, Roland Joffe, além montagens disponibilizadas pela Comédie-Française e pelo Teatro Odéon.

SERVIÇO

Escola de Mulheres

De 15 de janeiro a 27 de março. 

Quinta a sábado, às 20h; e domingo, às 18h

Preço: R$60 (Inteira) e R$30 (Meia). 

Compra Online: https://bileto.sympla.com.br/event/70763

Classificação: 12 Anos. Duração: 85 Minutos

TEATRO ALIANÇA FRANCESA

Rua General Jardim 182 – Vila Buarque. Ar-condicionado. Informações: (11) 3572-2379

www.teatroaliancafrancesa.com.br

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