Eu Já Estive Em “Talvez você deva conversar com alguém”, pela editora Vestígio

Hoje vamos falar sobre “Talvez você deva conversar com alguém – Uma terapeuta, o terapeuta dela e a vida de todos nós”, de Lori Gottlieb, publicado pela editora Vestígio. Notas da autora já sinalizam: se você se vir nestas páginas, é tanto coincidente quando intencional.
O livro é dividido em quatro partes e eu entendi que essa divisão acontece para mostrar a evolução das histórias contadas. A autora conta a sua história e a de mais quatro pacientes ao longo do livro.
Começamos com a história de John, a que mais me identifiquei. Ele é uma pessoa amarga, que relata ter dificuldades para dormir, ter problemas com a esposa e que busca ajuda para lidar com os idiotas. Por que me chamou atenção essa história? Por ele ser alguém muito difícil de lidar, onde muitas vezes eu lia e falava: mas o que esse ser humano está fazendo na terapia se ele não quer ajuda? Mas, sim, ele quer ajuda, mas não queria demonstrar a fraqueza de pedir. É importante observar no livro que a vida pode mudar quando entendemos que mostrar as nossas fraquezas e falar sobre os nossos problemas pode nos ajudar a resolvê-los. E como a própria autora diz: é impossível conhecer as pessoas profundamente e não acabar gostando delas.
A história de Julie para mim foi a mais dura e real. Ela tem câncer, já com diagnóstico de que não tem cura e busca terapia, pedindo para que Lori a acompanhe até a morte. Senti Julie um ser iluminado por tentar tocar o que tinha de vida da forma mais serena possível, importando-se muito com o marido, inclusive, para que ele encontrasse outra pessoa que o fizesse tão feliz quanto foram juntos. Esse era um dos constantes assuntos da terapia, inclusive.
O motivo que leva Lori a buscar um terapeuta também nos faz pensar: seu namorado, que vira ex logo no começo do livro. Juntos há dois anos, o relacionamento acaba porque definitivamente ele não quer se relacionar com alguém que tenha filhos. Obvio que a primeira pergunta que veio na minha cabeça foi: mas ele não sabia que ela tinha filho desde o começo? Sim, ele sabia? E a falta de entendimento que tive do caso é a mesma falta de entendimento que fez Lori buscar a terapia… se ele sabia por que aceitou o namoro?
Rita também traz outro ponto ao livro: envelhecer. Rita vai fazer 70 anos e pretende tirar a própria vida. Ela se culpa por não ter dado a educação que gostaria aos seus filhos, envelheceu sozinha e não vê mais sentido em seguir em frente.
O livro traz também várias explicações sobre termos que os terapeutas usam e mais detalhes sobre diagnósticos, o que eu achei muito interessante. Um exemplo é quando ela explica que os seres humanos têm células cerebrais chamadas neurônios-espelhos, que os levam a imitar os outros, e quando as pessoas estão em um estado emocional exacerbado, uma voz relaxante pode acalmar o seu sistema nervoso.
Vamos a algumas frases do livro:
– A perda da confiança é a mais difícil de consertar.
– Ele está tentando estabelecer o que é conhecido como uma aliança terapêutica, uma confiança que precisa se desenvolver para o trabalho ser iniciado.
– Antes de falar, pergunte a si mesmo: Como isso vai ressoar na pessoa com quem estou falando?
– A resposta a uma pergunta não feita é sempre não.
– A felicidade equivale à realidade menos as expectativas.
– Os pacientes altamente funcionais são aqueles que conseguem estabelecer relações, administram responsabilidades de adultos e têm capacidade para uma autorreflexão.
– O homem moderno acha que perde alguma coisa – tempo – quando não faz as coisas rapidamente; no entanto, não sabe o que fazer com o tempo que ganha, a não ser desperdiçá-lo.
– Falamos mais com nós mesmos do que jamais falaremos com qualquer outra pessoa, mas que nossas palavras nem sempre são gentis, sinceras ou úteis, nem mesmo respeitosas
Sinopse: de modo geral, buscamos a ajuda de um terapeuta para melhor compreender as angústias, os medos, a culpa ou quaisquer outros sentimentos que nos causam desconforto e sofrimento. Mas quantos de nós já paramos para perguntar: o terapeuta está imune à gama de questões que ele auxilia seus pacientes a dirimir e superar, dia após dia? A autora best-seller e terapeuta Lori Gottlieb nos mostra que a resposta a essa pergunta traz revelações surpreendentes. Quando ela se vê emocionalmente incapaz de gerenciar uma situação que perturba sua vida, uma amiga lhe faz uma sugestão: talvez você deva conversar com alguém.
Combinando histórias reunidas a partir de sua rica trajetória como terapeuta (distribuídas entre quatro personagens inesquecíveis) à sua própria experiencia como paciente, Lori nos oferece um relato afetuoso, leve e comovente sobre a sua universalidade de nossas perguntas e ansiedades, jogando luz sobre o que há de mais misterioso em nós e afirmando a capacidade que temos de mudar nossas vidas.
Uma jornada emocionante de autodescoberta, uma homenagem à natureza humana e um lembrete sobre a importância de sermos ouvidos, mas também de sabermos ouvir. Um livro sobre a importância dos encontros, dos afetos e da coragem de todos os que partimos para a aventura do autoconhecimento.
Lori Gottlieb: além de sua prática clínica como terapeuta, Lori Gottlieb escreve a coluna semanal de conselhos “Dear Therapist”, da revista The Atlantic, e contribui regularmente com o The New York Times e muitas outras publicações. Já escreveu centenas de artigos relacionados à psicologia e cultura, muitos dos quais se tornaram sensações na internet. É uma especialista frequentemente requisitada por mídias como The Today Show, Good Morning America, The CBS Early Show, CNN e NPR. Saiba mais em https://lorigottlieb.com
Talvez Você Deva Conversar com Alguém, de Lori Gottlieb, publicado pela editora Vestígio, está à venda online e nas livrarias de todo o Brasil. Ele tem 446 páginas, mas não se assuste! Leia como se fosse a sua terapia de toda semana. E a dica final é: se você quer ir para a Itália e ganha uma viagem para a Holanda, seja feliz com a viagem para a Holanda, ela pode ser incrível!
Janaína Leme
@eujaestiveem