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Eu Já Estive Em “Pulp à Brasiliana”, de Yvis Tomazini

Aventura, muita história e referencias à cultura pop. Tudo isso pode ser encontrado em Pulp à Brasiliana, escrito por Yvis Tomazini e publicado pela editora Lura. Vejo Sabrina Barlavento como protagonista da história. Rafael Perso vai junto nessa aventura. Ele, ex-crush da Sabrina, a convida para uma viagem e tanto (mas isso ela só aí saber mais para frente) e ela, frustrada por ter recebido uma crítica não muito legal referente a seu trabalho, topa prontamente viajar rumo ao cemitério nazista lá por Pará e Amapá. Ícaro e Francisco também são bem importantes na trama, principalmente no que diz respeito a conteúdo porque o conhecimento que Ícaro tem da região rende capítulos e mais capítulos.

O autor explica que ficção de Polpa, ou Pulp Fiction em inglês, foi um termo criado em torno do começo do século XX para as narrativas que focavam, acima de tudo, o entretenimento do leitor. Eram publicadas no papel mais barato possível, feito da polpa da madeira como sendo algo descartável. “À Brasiliana” veio dos tempos que Yvismorou na Itália rodeado das pizzas à moda da casa. Sendo assim, ficção de polpa aos moldes do Brasil.

Se aprende muito lendo Pulp à Brasiliana. O cemitério nazista, cenário que faz parte da história realmente existe e Yvis teve lá com foto e tudo. O Projeto Jari, como ficou conhecido o grande plano de Daniel Ludwing, também está na trama. Ele tinha proporções faraônicas e não demorou para que um êxodo de nordestinos viajasse para a fronteira entre Pará e Amapá em busca de trabalho.Também tem a Operação Guiana, mais detalhes da ilha de Marajó, que por ser banhada pelas águas doces do Amazonas e pelas salgadas do Atlântico, era a maior ilha fluviomarítima do mundo.

Ah, essa eu também não conhecia. A expressão quinto dos infernos surgiu porque Portugal cobrava 20% do que era retirado das auríferas em Minas Gerais. Isto é o quinto do ouro e era um imposto muito odiado, o que resultou em quinto dos infernos.

Yvis Tomazini escreveu Pulp à Brasiliana numa estrutura narrativa de quatro atos e o segundo ato ele quebrou em dois. O livro tem uma estrutura livre e com o próprio autor diz, nem o livro mais fantasioso pode ser escrito sem uma boa dose de verdade do autor. Sem sacrifício o texto não tem essência. E, Yvis realmente viveu parte da aventura que retrata no livro no que diz respeito a parte histórica nele mencionada. A proximidade com seu pai, em passeios de fim de semana, também mencionada no livro é algo que seu pai fazia e com isso o autor relembra sua infância / adolescência na obra.

E, para dar um ar mais geek à obra, Yvis usa muitas referências da cultura pop durante a escrita. Duck Tales, Edgard Allan Poe, Castelo Ra-tim-bum, até a trilha O Bom, o Mau, o Feio, são algumas que aqui menciono. A meu ver essas menções deram leveza ao texto que vem carregado de história para contar. Vamos a alguns trechos do livro:

– O respeito não viria da janta para o café. Por mais que sentisse o ímpeto de erguer a voz e descarregar uma carroceria de ofensas, continha o temperamento. Era um jogo de frieza.

– Então, sem a mínima razão de ser, além de pura teimosia, um golpe de ânimo o atingiu no peito como o primeiro gole matinal de café.

– Todo mundo está atrás de um tesouro. Mas cada um pegao seu parcelado. Eu quero o meu à vista.

– Pessoas românticas encaravam a própria existência como uma bela, ou trágica, narrativa a ser construída.

– Com toda certeza, a vaidade é mais pujante que a ganância.

Sinopse: Sabrina Barlavento venceu um relevante prêmio literário e teve sua obra adaptada para os cinemas, mas nada disso impedia a única crítica negativa de assombrá-la. Ainda guardando o recorte de jornal que classificava seu trabalho como “Ficção de Polpa”, recebe a inusitada proposta de Rafael Perso. Desta vez, o sujeito apresentado por um aplicativo de relacionamento não busca sexo casual. O vigarista precisa que a renomada autorapatrocine sua viagem ao norte do país. Sabendo que Barlavento vê o mundo de forma romântica e aventuresca, Perso usa termos como “Cemitério Nazista”, “Segredos da Ditadura” e “Caçadores de Tesouro”, quando na verdade busca o local da queda de um avião do narcotráfico. Ele quer aquela carga; ela, uma história que valha a pena. Em meio a playboys inconsequentes, a traficantes internacionais e a golpistas misteriosos, a escritora se flagra imersa a um mundo de perigos, trapaças e horrores. E, por mais que esteja finalmente dentro do tipo de história que sempre amou escrever, desta vez todas as dores são reais e cada enigma, ameaçador.

Yvis Tomazini nasceu no litoral de São Paulo em 1985, onde colecionou mil histórias vividas e outras tantas escritas. A despeito da formação em Administração, sempre priorizou a escrita acima de tudo. Certa vez, em busca de mais experiências, se demitiu de um escritório ao lado do porto para trabalhar por três anos – e três pessoas – dentro dos navios que via pela janela e que tanto davam tinta à sua imaginação. A jornada lhe apresentou dezena de portos pelo mundo e um pouco mais sobre os limites e o ímpeto humano. Ávido estudante das estruturas narrativas, fez cursos de literatura investigativa, de roteiro voltado a curta metragens, além de diversas oficinas de escrita criativa. Publicou seu primeiro conto em 2011, mesmo ano em que conquistou o segundo lugar no 1º Prêmio Literário Professor Mário Carabajal de Poesias da Academia de Letras do Brasil de Santa Catarina com a poesia “Galo”. Mora em Santos na companhia dos navios que ainda passam pela janela. Para acompanhar as novidades sobre seus próximos trabalhos, basta segui-lo no Instagram @yvis_tomazini ou acessar o site www.yvistomazini.com.br

Pulp à Brasiliana, de Yvis Tomazini, publicado pela editora Lura está dividido em 36 capítulos e tem 360 páginas. Está disponível para compra no formato impresso e digital na Amazon. Também está disponível para assinantes do Kindle Unlimited.

Janaína Leme

@eujaestiveem

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