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Eu Já Estive Em “As Margens e o Ditado”, de Elena Ferrante

Hoje vamos falar sobre “As Margens e o Ditado – Sobre os prazeres de ler e escrever”, escrito por Elena Ferrante e publicado pela editora Intrínseca. Esse livro é uma seleção da Dois Pontos para os assinantes do Box Flipe-se, que assinamos durante a Flip 2022. É uma curadoria da Dois Pontos, sempre com alguma ligação com a Feira Literária.

Na capa extra, inclusive, que traz mais informações sobre a obra e sobre a autora, é sinalizado que sabe-se que como autora, Elena Ferrante não tem um rosto, é uma personalidade literária e por isso dificilmente marcaria sua presença na Feira lá em Paraty, no Rio de Janeiro.

O livro é uma reunião de quatro ensaios da autora: A pena e a caneta – sobre o desejo pela escrita e as diferentes formas de escrever; Água-marinha – trata das obras que a ajudaram na construção de suas personagens feministas; História, eu – retomada de uma amiga genial e A Costela de Dante – homenagem ao autor italiano como seu grande inspirador.

Na minha avaliação, “As Margens e o Ditado” é uma leitura obrigatória para todas que querem escrever ou que já escrevem. Já no primeiro ensaio a autora destaca: escrever era movimentar-se dentro daquelas linhas, e aquelas linhas foram minha cruz, comentando sobre a dificuldade em escrever em um caderno com linhas, já que para ela é muito mais fácil escrever livre, mas na época da escola, não tinha a liberdade de escrever como era melhor para ela. Ainda neste ensaio – A pena e a caneta – teve outro trecho que me marcou bastante: a impressão de que era justamente o meu cérebro de mulher que me freava, que me limitava, como uma lentidão congênita. Escrever já era, por si só, difícil, ainda por cima eu era mulher, e, portanto, nunca conseguiria fazer livros…

Aqui deixo mais algumas curtas frases do livro:

– Quem escreve tem o dever de colocar em palavras os empurrões que dá e que recebe dos outros.

– Escrever é acampar dentro do próprio cérebro, sem mais se dispersar nas tão numerosas, variadas, subalternas modalidades com as quais, como Virgínia (Wolf), se vive uma vida bruta.

– Para mim, a escrita verdadeira é isto: não um gesto elegante, estudado, mas um ato convulso.

– Com maior ou menor habilidade, fabricamos ficções não para conseguirmos dizer o verdadeiro, mas indizível, com absoluta fidelidade, por meio das ficções.

Sinopse: livro de ensaios de uma das autoras mais prestigiosas da atualidade revela detalhes de seu processo criativo e traça paralelos entre importantes vozes femininas da literatura mundial. Em 2020, a The Oprah Magazine descreveu a amada e prestigiada romancista italiana Elena Ferrante como “um oráculo entre os autores”. Nos breves ensaios reunidos em As margens e o ditado, a autora fala sobre a própria jornada como leitora e escritora e oferece um raro olhar sobre as origens de seus caminhos literários. Escreve a respeito de suas influências, lutas e sua formação intelectual, descreve os perigos do que ela chama de “língua ruim” e sugere maneiras pelas quais a tradição há muito excluiu a voz das mulheres. Partindo de suas brilhantes reflexões a respeito dos trabalhos de Emily Dickinson, Gertrude Stein, Ingeborg Bachmann e outras, Ferrante propõe, então, uma fusão do talento feminino. Ao discorrer sobre o tênue equilíbrio entre seu gosto por limites e organização ― por permanecer dentro das margens ― e seu desejo por desordem e clamor, ela indica uma passagem secreta para o processo de criação de suas obras mais conhecidas: a Tetralogia NapolitanaDias de abandonoA filha perdida e A vida mentirosa dos adultos. A autora aborda como criou e quais as motivações de suas emblemáticas personagens Lenù e Lila, deixando pistas do quanto as duas incorporam o próprio dilema da literatura para Ferrante. As três palestras ― inicialmente escritas para os cidadãos de Bolonha, por ocasião das Umberto Eco Lectures ― e o ensaio composto para o encerramento da Conferência de Italianistas sobre Dante e outros clássicos dão corpo a um livro ao mesmo tempo sutil e potente, de uma das maiores escritoras da atualidade. Um livro sobre aventuras na literatura, sejam elas dentro ou fora das margens.

Sobre a autora: a italiana Elena Ferrante é autora de A vida mentirosa dos adultos, Um amor incômodo, A filha perdida, do infantil Uma noite na praia e da não ficção Frantumaglia, todos publicados pela Intrínseca, além de Dias de abandono e dos volumes da Tetralogia Napolitana, que a consagrou como uma das mais importantes escritoras contemporâneas. Em 2021, ela recebeu o prêmio Belle van Zuylen do Festival Internacional de Literatura de Utrecht pelo conjunto de sua obra e o prêmio Sunday Times de Excelência Literária.

As Margens e o Ditado – Sobre os prazeres de ler e escrever, de Elena Ferrante, publicado pela editora Intrínseca, tem 128 páginas, foi publicado em janeiro de 2023 e está á venda nas livrarias de todo o Brasil e nas plataformas de e-commerce no formato impresso e digital.

Janaína Leme

@eujaestiveem

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