Sucesso de público, a premiada comédia Andaime, de Sergio Roveri, volta aos palcos depois de 15 anos

Depois de 15 anos desde a última apresentação, a premiada comédia Andaime, de Sérgio Roveri, ganha uma nova temporada dirigida por Elias Andreato, que também está em cena ao lado de Claudio Fontana. O espetáculo reestreia no dia 23 de maio no Teatro Uol, onde segue em cartaz até 28 de junho, com apresentações às terças e quartas, às 21h.
Vencedora do Prêmio Funarte de dramaturgia 2005, a peça estreou em 2007 e cumpriu temporadas de nove meses em São Paulo, nos teatros Vivo, Renaissance e Imprensa. Em seguida, fez apresentações em Campinas (Teatro Tim, em um mês e meio em cartaz), Rio de Janeiro (dois meses no Teatro Leblon), Santos, Cubatão, Suzano, Santo André, Sorocaba e Vitória.
A trama acompanha o encontro entre dois limpadores de janelas que estão pendurados em um andaime em um grande edifício. Enquanto fazem seu trabalho, eles filosofam sobre a vida para disfarçar a solidão. O cenário e figurinos têm assinatura de Gabriel Villela.
Como explica Claudio Fontana, “durante a pandemia, fomos impedidos de exercer nosso ofício e nada mais festivo que voltarmos ao palco comemorando a amizade e a parceria de 15 anos com o “senhor Elias”, um senhor artista” que foi e é o responsável pela atuação e direção de muitos espetáculos icônicos de São Paulo”. A encenação é a mesma de 15 anos atrás, mas a personagem Claudionor, interpretado pelo diretor, teve de “voltar a trabalhar mesmo aposentado”, uma referência a um problema de baixa renda dos aposentados brasileiros.
A parceria
Os dois atores já se conheciam, mas começaram sua parceria em 2006 com a bênção de Paulo Autran no espetáculo “Adivinhe Quem Vem Para Rezar”, com direção de Andreato onde Autran e Fontana atuavam. De lá pra cá foram 8 espetáculos, clássicos como “Édipo Rei”, de Sófocles (2011), “Esperando Godot”, de Beckett (2016), até sucessos de público e crítica como “Estado de Sítio”, de Camus (2018) e o ainda em cartaz “A Última Sessão de Freud” (2022).
Sinopse
ANDAIME é uma peça que retrata um dia qualquer na vida de dois limpadores de janela de um grande edifício de São Paulo. Mário (Claudio Fontana) e Claudionor (Elias Andreato) dividem o mesmo andaime. À medida que executam suas funções, suspensos a dezenas de metros do solo, filosofam sobre a vida ao abordar inúmeros assuntos: falam da família, da passagem do tempo, do medo que sentem de algum dia serem substituídos por robôs, especulam sobre como é a vida no Japão e nos Estados Unidos, fumam no intervalo do trabalho e até acompanham, pela janela, uma aula de ginástica.
Para o autor, “tanto diálogo serve para disfarçar a imensa solidão que sentem lá em cima – e também para amenizar a exclusão social de que são vítimas: o mundo que deu certo, aquele mundo dos executivos, que eles só podem ver através do vidro”.
Salpicado de humor, o texto apresenta os personagens como dois filósofos do cotidiano, que enxergam a vida de cima e que talvez sejam sábios justamente por não terem os pés no chão. “Para cada problema que a vida oferece, eles encontram uma solução que consegue ser mais insólita do que a anterior”, explica Sérgio Roveri.
Sobre a montagem
Para Elias Andreato, “limpando as janelas durante horas, Mário e Claudionor jogam conversa fora e falam, sem ter consciência de quem realmente são e do que realmente sentem”, afirma Elias, para quem o mais interessante na história não é só revelar quem são, mas como estes dois homens pensam a vida e seu cotidiano. “O texto fala dos homens invisíveis da cidade, que trabalham filosofando para que o tempo passe mais velozmente. Ele nos mostra essa gente humilde que ignoramos”, fala Elias, completando que “quando se observa a dor alheia é que se vê nossa felicidade tão perto”.
No trabalho de pesquisa, para auxiliar na composição dos personagens, diretor e atores (na estreia, Cássio Scapin) fizeram laboratório entrevistando limpadores de vidros pela cidade. “Perguntamos sobre o medo de altura, as dificuldades do trabalho, se eles já viram muita coisa absurda”, diz Elias Andreato.
Os personagens
Sobre seu personagem, Cláudio afirma: “ele vê coisas que não vemos, na cidade, dentro dos prédios. “Sua relação com esse mundo, a relação das pessoas com ele, tudo é diferente. Falar desse universo é falar do Brasil de hoje, da realidade de um universo particular, a princípio distante de nós, mas tão próximo, cuja distância é apenas a espessura de um vidro. A invisibilidade desses trabalhadores só aumentou com a pandemia”.
A encenação respeita a situação cômica do texto, criada pelo autor. Dessa forma, o drama dos limpadores de vidros, em vários momentos, fará o público rir muito. “Eles chegam a fazer ginástica no andaime, olhando uma aula que acontece dentro do prédio”, explica Claudio Fontana, completando que, independentemente de ser uma comédia, o texto tem uma força maior ao abordar a desigualdade entre as classes. Elias Andreato destaca o conflito vividos pelos dois personagens, em um espaço tão limitado e arriscado, em uma situação limite. “Isso propicia questionamentos para ambos”, fala, ressaltando a obrigatoriedade de conviver dos dois e se confrontar com ideias tão simples.
Serviço
Andaime, de Sérgio Roveri
Temporada: 23 de maio a 28 de junho, às terças e quartas-feiras, às 21h
Teatro Uol – Shopping Pátio Higienópolis – Avenida Higienópolis, 618, Piso Terraço, Higienópolis
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$20 (meia-entrada)*
*Entrada gratuita para pessoas com deficiências
Vendas online em teatrouol.com.br, na bilheteria ou pelo telefone (11) 3283-2323
Classificação: 12 anos
Duração: 80 minutos
Capacidade: 300 lugares.
Estacionamento no Shopping.
Acessibilidade: teatro acessível para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida