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Eu Já Estive Em “Um cara qualquer”, de Amber Tamblyn

Hoje vamos falar desse audiolivro que foi para mim praticamente um soco no estômago. Sou jornalista, sempre tenho em mente que toda a história tem três lados: o meu, o seu e a verdade. E isso também fica evidente nesse audiolivro que conta histórias de homens que foram vítimas de violência sexual e quanto a mídia é sensacionalista.

O livro é classificado como Romance, mas para mim não dá para romantizar esse tipo de assunto. Segundo a sinopse, a autora combina gêneros de poesia, prosa e elementos de suspense para dar forma às narrativas chocantes das vítimas de violência sexual, mapeando as formas destrutivas pelas quais as nossa sociedade perpetua a cultura do estupro. O extraordinário é como com o passar dos anos, algumas pessoas aprendem a se curar, unindo-se e encontrando um espaço para levantar suas vozes. Resumindo, Um Cara Qualquer pinta um retrato marcante da sobrevivência e é um tributo àqueles que viveram um pesadelo de agressão sexual.

São cinco, seis vítimas que foram abusados sexualmente por uma mulher que até então não foi capturada pelos crimes que cometeu. Você vê histórias de vítimas que não conseguem superar o ocorrido porque a estupradora não foi punida e isso se torna algo essencial para a recuperação, vitimas que tiram a vida por não conseguirem superar a pressão que a mídia faz sobre o assunto, vítimas que com o tempo conseguem superar as dificuldades e se tornam defensores das demais vítimas de abusos sexuais, e até aqueles que conseguem virar o jogo e usar a mídia a seu favor, passando a expor depoimentos e ajudar outros a se recuperarem do mesmo problema que ele mesmo passou.

Para mim, o mais importante desse audiolivro é quanto muitas vezes somos impactados pela mídia sensacionalista, mas não paramos para pensar o que realmente a vítima está sentido, sabendo que programas sensacionalistas normalmente vão expor somente aquilo que vão garantir picos de audiência. Será que contar detalhes do abuso sexual é realmente fundamental? Será que expor a vítima vai ajudá-la de alguma forma? Não é isso que vai ajudar as investigações, mas claramente, é isso que vai gerar mais pontos de audiência. Mas, você aí do outro lado, já pensou o quanto esse tipo de coisa pode impactar a vida de alguém que já está sofrendo por algo muito mais pesado? E tem outro lado né? As pessoas que assistem esse tipo de notícia também, na maioria das vezes, não sabem lidar com a informação, e passam a julgar as vitimas, que já tem coisas demais para resolver internamente e ainda ganham o julgamento de toda uma população.

Um Cara Qualquer é uma obra de Amber Tamblyn. A autora já foi indicada ao Emmy, ao Globo de Ouro e ao Independent Spirit. Já publicou outros dois livros de poesia: Free Stallion (2005), ganhador do Borders Book Choice Award na categoria escrita revelação e Bang Ditto (2009), um best-seller da Indie-Next. Ela mora no Brooklyn, nos EUA, com o marido, David Cross, e a filha.

Disponível no formato audiolivro na TocaLivros, Um Cara Qualquer tem duração de quase cinco horas

Janaína Leme

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