Eu Já Estive Em “O que as árvores veem”, de Cleu Nacif

Você já parou para pensar que a árvore que está na frente da sua casa, as poucas que restam nas calçadas de SP por exemplo, pode sentir muito mais sobre a sua vida do que vocês mesmo? Eu não tinha parado para pensar nisso até ler O que as árvores veem, de Cleu Nacif.
Yãmîh foi palco do balanço onde Pedro se divertia na infância, sentiu as dores de quando Pedro usou o canivete para fazer um coração em seu tronco simbolizando seu primeiro amor, gastou toda sua energia para fazer florir no dia em que Pedro se casou, ou seja acompanhou todo o crescimento e amadurecimento de Pedro e de sua família ao longo dos anos no quintal da casa.

Parar para ver tudo isso acontecer com o sentimento de uma árvore foi algo muito diferente para mim. Não tinha parado para pensar em ver o mundo com os olhos de uma árvore e acho que jamais olharei para as árvores da mesma forma depois desse conto. E porque não abraçar aquela árvore que está no quintal da sua casa como forma de carinho por tudo o que ela faz por você todos os dias e que a gente nem mesmo percebe, como a sombra nos dias de sol, as laranjas no caso da árvore aqui de casa – que muitas vezes não somos nós que chupamos, mas que serve de comida para os passarinhos no quintal. Como é mais leve quando todos entendemos que tudo faz parte de um ecossistema, que todos somos seres vivos que nascem, crescem, alguns reproduzem e todos morrem.
A autora escolheu o nome Yãmîh para a protagonista da obra – a árvore – de forma cuidadosa, um nome indígena para que parecesse natural que a sabedoria da árvore caminhasse próxima à sabedoria indígena, os verdadeiros protetores das florestas.
Vamos a alguns trechos da obra:
– Uma brisa fresca brindava em minha copa aquela nova chegada. Pedro. Eles escolheram o nome na noite de São João…
– Aquela família jamais me transformaria em mesa. Ali eu era parte, éramos nós.
– O som da chuva ficou distante, senti cada movimento de minhocas no mais profundo da terra, a vibração dos carros passando na rua e das gotas acertando a grama…
– Naquela noite, flori como há tempos não fazia. Flores amarelas coroaram minha copa na manhã seguinte, dourando o jardim junto aos raios de sol.
Sinopse: imagine se a árvore que vive no quintal da sua casa assistisse – e até mesmo participasse, mesmo que discretamente -, dos momentos mais importantes da sua vida… como seria? O conto ‘O que as árvores veem’ narra a jornada da árvore Yãmîh junto a Pedro, filho único de um casal que habita a casa onde Yãmîh também reside. Um conto sobre família, sobre primeiros amores e sobre como esses seres magníficos fazem parte de nossas vidas (e nós das delas), mesmo que muitas pessoas não as considerem ou deem o valor que elas merecem. Prepare-se: em poucas páginas, esse conto promete emocionar!
Cleu Nacif: mineira de Belo Horizonte, Cleu é escritora e fotógrafa. Formada em Letras e Pós-graduada em Textos Criativos, hoje faz mestrado em Escrita Criativa no Reino Unido. Porém, muito antes disso, Cleu se encontrou na escrita por acaso, ao morar na Namíbia e na África do Sul. Lá, ela participou de diversos projetos de recuperação ambiental, trabalhando com animais silvestres órfãos, feridos e/ou em reabilitação. Foi assim que descobriu a paixão e a vocação pela escrita. Hoje, tem dois romances publicados: o “Nem Fred explica” lançado em 2017 e “Nos olhos de Sara” de 2020. Além deles, Cleu também possui alguns contos publicados em antologias com outros escritores de todo o Brasil. Nos últimos anos, passou a se aventurar também dando cursos livres sobre a escrita criativa para outras pessoas que veem nessa atividade, assim como Cleu, um lugar acolhedor, ainda que – muitas vezes – possa ser bastante desafiador. Apaixonada pela natureza, por livros, pela arte da fotografia e pela escrita, foi nessa última o lugar onde mais se encontrou e onde melhor conversa sobre vários temas do seu interesse.
O que as árvores veem: A jornada de Pedro e Yãmîh, de Cleu Nacif, tem 55 páginas e está disponível no formato digital na Amazon. Assinantes do Kindle Unlimited podem ler a obra que está no catálogo disponível para quem assina o serviço.
Janaína Leme
@eujaestiveem