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Eu Já Estive Em “O Velho e o Menino: o Rio”, de José Carlos Martins

“Comer muito não é sinal de saúde, nem ser magro é doença. A sobriedade é antes de tudo uma virtude, seja no comer, seja no falar, no se vestir, no possuir bens. Você já ouvir falar que o homem morre é pela boca? Ou é por muito comer ou por muito falar.” Deixei essa frase separada para falar sobre O Velho e o Menino: o Rio, porque ao meu ver é a grande bagagem que se traz nesse texto que vai contemplar a escrita de José Carlos Martins nesse livro.

Não é um livro de contos, porque até onde eu sei quando você escreve um livro de contos, essas histórias têm um desfecho e os capítulos não conversam entre si. Aqui ora há uma sequencia entre os capítulos, ora o escritor para e relembra momentos da vida dos personagens, mas eles seguem uma história juntos. O ponto é que os capítulos são curtos e sempre te trazem algo, seja uma memória, um pensamento, uma volta ao colo dos avós.

O cenário é Conceição do Itororó e ao longo da trama surgirão vários personagens além do Velho e do Menino, justamente porque é como se ele estivesse ali, analisando num papo durante um café, os acontecimentos da última semana, os problemas dos moradores da cidade, etc. E quando eu digo que o livro traz uma bagagem, muito aprendizado, deixo aqui outra frase: “nos quatro meses do ano que não têm a letra R, meses ideais para o cultivo de verduras e legumes, porque a temperatura é favorável, não lhe faltavam mercadorias”. E claro que fui pensar quais são esses meses: maio, junho, julho e agosto.

Muito bem diagramado e ilustrado, O Velho e o Menino: o Rio é dividido em três partes e é composto por capítulos, curtos, algumas vezes apenas com poucas frases, como em uma poesia. O vocabulário usado por José Carlos Martins também nos enriquece. Eu particularmente, voltei ao dicionário para entender algumas das palavras, como insofismável, que tem como significado incontestável.

⁃ Se há eternidade, sejamos bons para alcançar-la. Se não há eternidade, sejamos igualmente bons agora, pois não teremos outra oportunidade para fazê-lo”.

⁃ Livros são cúmplices, para o bem ou para o mal, numa ligação não só de corpo, mas de alma. Não é uma relação puramente externa, de contato, mas de apego, visceral, mesmo.

⁃ Minha visão do paraíso corresponde àquela que muitos teriam do inferno. Imagine, passar a eternidade lendo um livro!

⁃ Jamais feri um livro meu. O hábito que alguns leitores têm de grifar a palavra ou frase de interesse, mesmo utilizando um lápis, é uma afronta a mensageiro. Alguns cometem a barbárie de dobrar a folha do livro para indicar a página que interromperam a leitura. Uma ingratidão.

⁃ As perguntas devem ser estudadas, analisadas. As respostas, espontâneas, instantâneas.

⁃ Às mães não deveriam ser permitido morrer.

⁃ E eu lhe digo: não existe nada mais desagradável nesta vida do que ser apenas suportado.

⁃ Se o desonesto soubesse o quanto é bom ser honesto, não existiriam desonestos no mundo.

⁃ Enfim, as pessoas não podem ou não devem ser coerentes o tempo todo. A coerência maleável nos levaria a loucura, certamente.

Sinopse: …Um velho vendedor de mel, sem passado, sem história. O velho anda pela cidade vendendo mel talvez, para completar sua renda ou porque tenha feito isso a vida toda. Um dia aparece um menino, sem futuro, sem obrigação alguma, que passa a ajudar o velho na sua tarefa. Um sem passado, outro sem futuro. Aproveita o menino que tem acesso às casas das pessoas para fazer uma traquinagem, enquanto o velho negocia seu produto. Até que um dia o menino realiza a sua grande façanha, provocando uma tragédia…”

Sobre o autor: José Carlos Martins nasceu no sul de Minas, numa pequena cidade chamada Areado. Ali residiu e estudou até o final do ensino médio, transferindo-se para Guaxupé, também em Minas Gerais, onde residiu no Seminário Diocesano São José e frequentou a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Guaxupé (FAFIG). Graduado em Letras, retornou à sua cidade natal, onde lecionou por 12 anos, casou e teve duas filhas. Mudou-se para Alfenas (MG) em 1993, onde ainda reside. Graduou-se em Direito pela Universidade de Alfenas (UNIFENAS) e iniciou sua carreira no judiciário federal, na Vara do Trabalho de Alfenas. Aposentou-se depois de 25 anos, em julho de 2018. É casado com Marciana Prado Martins, bancária aposentada, pai de Lara Prado, atriz, e Lívia Prado, tradutora. E avô do menino Vicente.

O Velho e o Menino: o Rio, de José Carlos Martins, tem 274 paginasse foi publicado pela Cria Editora. Está disponível no formato impresso e digital, impresso nas livrarias de Alfenas, Minas Gerais e plataformas de e-commerce de todo o Brasil, e digital na Amazon, inclusive gratuito para assinantes do Kindle Unlimited. E como o próprio autor escreve em sua obra: Quer falar bem? Escreva! Quer escrever bem? Leia!

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